Twenty one

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RUBY

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RUBY

A decisão de deixar a fazenda não foi fácil, mas foi a única coisa que parecia fazer sentido naqueles dias. Depois que Elijah me deixou na pensão, e a situação com ele ficou insustentável, eu sabia que não poderia continuar ali, trabalhando todos os dias com ele, sem saber o que realmente sentia, sem poder entender o que aquilo tudo significava. Ele tentou falar comigo nos primeiros dias após nossa última conversa, mas com o tempo, parecia que ele havia desistido. E eu não sabia se isso era bom ou ruim. A dor de ser ignorada, de não saber mais onde eu me encaixava na vida dele, estava me consumindo lentamente.

Eu me demiti da fazenda, sabia que não podia mais estar ali, não podia ser lembrada daquele jeito, vendo ele com Sarah, vendo os dois se reconciliando como se nada tivesse acontecido entre nós. Cada vez que ouvia algo sobre a moça, como a estava hospedando na fazenda, um nó se formava na minha garganta, uma sensação de traição, de que eu não era nada para ele, nunca fui.

O bar onde eu arranjei um bico como garçonete era pequeno, apertado, sempre muito movimentado. Aquelas noites eram longas, e o salário mal dava para cobrir os custos básicos. A pensão de Betty, a quem eu cuidava, estava em péssimas condições. O telhado já estava começando a mostrar os sinais de desgaste, as infiltrações começaram a se espalhar depois do temporal, e os moradores, que já estavam sofrendo com a condição da casa, estavam ficando cada vez mais incomodados. Eu não podia deixá-los na mão, então, me entreguei ao bar, fazendo turnos intermináveis, só para conseguir juntar o dinheiro suficiente para ajudar Betty com os reparos necessários.

Eu estava exausta, fisicamente e emocionalmente. As horas longas de trabalho, as constantes limpezas no bar, a pressão de dar conta de tudo, e ainda tentar manter um sorriso no rosto, esconder a dor que me consumia, estavam me desgastando. Mas o que mais me doía não era o cansaço. Era o fato de que, com cada dia que passava, eu me sentia mais sozinha. Não havia mais Elijah para me chamar, não havia mais risadas, nem conversas à noite na fazenda. Ele estava em algum lugar com Sarah, e eu estava aqui, perdida em uma cidade pequena que parecia não ter nenhum sentido para mim agora.

Os dias passaram e a solidão começou a se espalhar em mim como uma sombra. Tentava me distrair com o barulho constante, os pedidos de bebida, a conversa vazia com os clientes, mas no fundo, nada parecia preencher o vazio que eu sentia. Eu sabia que Elijah estava lá fora, vivendo sua vida, enquanto eu estava presa nessa rotina sem fim.

Naquelas noites, quando a última mesa se levantava, quando os clientes se dispersavam e eu ficava ali, limpando o balcão e os copos vazios, era quando a dor parecia mais forte. Eu sabia que tudo aquilo tinha uma razão. Sabia que não devia esperar nada dele, que não deveríamos ter ficado juntos, mas a verdade é que a perda de Elijah foi mais difícil do que eu queria admitir.

Naqueles primeiros dias depois de me afastar dele, pensei que talvez as coisas passassem, que eu iria superar o que havia acontecido, mas a cada conversa sobre ele, cada novo comentário na cidade sobre o relacionamento com Sarah, sentia como se fosse um soco no estômago. Tudo que sabia era que ele parecia feliz, e eu estava aqui, numa luta constante para manter a cabeça fora da água.

𝐓𝐄𝐍𝐍𝐄𝐒𝐒𝐄𝐄 𝐖𝐇𝐈𝐒𝐊𝐄𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora