Em uma pequena cidade do Tennessee, Ruby Mae Caldwell busca um recomeço, deixando para trás a vida agitada da cidade grande. Lá, ela conhece Elijah Walker, um fazendeiro reservado e determinado, que a contrata para trabalhar em sua fazenda, mesmo du...
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RUBY
Na manhã seguinte, acordei com o som suave dos pássaros do lado de fora da janela. A luz do sol entrava no quarto que Elijah tinha preparado para mim, tingindo o ambiente com um calor suave. No entanto, dentro de mim, havia uma agitação muito maior, uma mistura de sentimentos difíceis de nomear. Meu coração parecia ora ansioso, ora pesado.
A noite anterior estava fresca na minha memória — o beijo, o calor do abraço, a maneira como ele olhou para mim como se estivesse me vendo de verdade, como nunca ninguém tinha visto. Elijah. O homem que eu vinha tentando ver apenas como meu chefe, como alguém respeitoso e que cuidava de mim e de todos à sua volta. Mas agora, tudo parecia diferente.
Levantei-me devagar, sentindo o chão frio sob meus pés descalços, enquanto pegava minhas roupas para trocar e descia para o banheiro. Precisava de um momento para respirar, um tempo para tentar organizar os sentimentos. Depois do banho, prendi o cabelo rapidamente, vesti minhas roupas e desci as escadas com o coração ainda acelerado, me preparando para o inevitável encontro com ele.
Quando cheguei à cozinha, o aroma de café fresco já preenchia o ar, e lá estava ele, de pé junto à pia, com uma xícara na mão e o olhar distante. Elijah parecia perdido em seus próprios pensamentos, o que de certa forma me confortava — pelo menos não era só eu que estava tentando lidar com tudo o que tinha acontecido.
Ele olhou para mim, e por um instante, o silêncio entre nós pareceu pesado demais, carregado de coisas não ditas. Elijah abaixou a xícara e deu um passo à frente, parecendo um pouco hesitante.
— Ruby, sobre ontem... — ele começou, a voz baixa e cautelosa, como se tivesse medo de que qualquer palavra pudesse quebrar o que quer que tivéssemos construído entre nós.
Respirei fundo, tentando reunir coragem para responder.
— Eu sei... Foi inesperado. — Sorri nervosamente, sem conseguir manter o olhar nele. — Eu... Não sei o que dizer, para ser honesta.
Ele passou a mão pela nuca, um gesto que eu já havia notado nele quando estava confuso ou apreensivo.
— Acho que nenhum de nós estava planejando isso. — Ele soltou um pequeno suspiro. — Não quero que você se sinta desconfortável, Ruby. Se eu passei dos limites...
— Não, não, Elijah. — Interrompi, balançando a cabeça. — Eu só... Bom, talvez eu tenha pensado que isso nunca aconteceria. Eu... nunca achei que você olharia para mim dessa forma.
Ele sorriu de um jeito triste, seus olhos se suavizando enquanto me olhava.
— Eu nunca planejei olhar para você assim. A última coisa que eu queria era complicar sua vida, especialmente depois de tudo que você passou para chegar até aqui.
Assenti, sentindo a compreensão e a incerteza se misturarem em mim. De certa forma, ele tinha razão. Nossa relação tinha começado em um lugar de respeito, de profissionalismo. A última coisa que eu queria era perder isso. Mas a noite anterior, o beijo... aquilo tinha sido tão sincero, tão intenso. Parecia que algo dentro de nós tinha sido liberado, algo que nem sabíamos que estava ali.
Elijah respirou fundo, parecendo escolher as próximas palavras com cuidado.
— Se for demais, Ruby, podemos esquecer o que aconteceu. Fingir que foi... um momento. Não quero que se sinta presa a nada.
Olhei para ele, tentando processar o que ele estava dizendo. Havia uma tristeza escondida em seu olhar, uma preocupação em não cruzar uma linha que talvez fosse apenas imaginária. A ideia de fingir que nada tinha acontecido, no entanto, parecia quase dolorosa. Como se estivéssemos negando algo que era real e genuíno.
— Eu... não sei se quero esquecer, Elijah. — Falei quase em um sussurro, surpresa por minha própria coragem. — Só que... não sei lidar com isso agora.
Ele assentiu lentamente, e um leve sorriso apareceu em seus lábios, embora parecesse tão incerto quanto eu me sentia.
— Então, talvez possamos levar um dia de cada vez. — Ele sugeriu, parecendo finalmente relaxar um pouco. — Não precisamos decidir nada agora.
Aquela simplicidade nas palavras dele trouxe um conforto inesperado. Elijah estava ali, do meu lado, tentando entender as coisas tanto quanto eu. Não havia pressa, não havia imposição. Apenas o entendimento de que algo entre nós estava crescendo, e que precisávamos de tempo para saber o que isso realmente significava.
Senti-me mais tranquila, e finalmente consegui sorrir de volta para ele.
