Em uma pequena cidade do Tennessee, Ruby Mae Caldwell busca um recomeço, deixando para trás a vida agitada da cidade grande. Lá, ela conhece Elijah Walker, um fazendeiro reservado e determinado, que a contrata para trabalhar em sua fazenda, mesmo du...
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ELIJAH
Eu acordei com uma sensação estranha, algo que me tirou do sono profundo. Era um líquido gelado que me fez estremecer e, de imediato, meus olhos se abriram. Eu olhei para o lado, tentando entender o que estava acontecendo, e vi Ruby ao meu lado, ainda deitada, mas seu rosto estava pálido e contorcido. Seus olhos estavam fechados, e ela respirava de maneira irregular. A luz fraca do quarto mal iluminava o espaço, mas, ao olhar para o lençol, percebi o que estava acontecendo.
— Ruby? — Eu chamei, sentindo meu coração acelerar. A visão da bolsa estourada me fez perceber que a hora finalmente havia chegado.
Ela abriu os olhos, mas estavam turvos, claramente em desconforto. Tentou sorrir para mim, mas logo um suspiro de dor escapou de seus lábios.
— Elijah... — Sua voz era suave, mas tinha um toque de pânico. — Acho que é a hora.
Eu estava acordado o suficiente para perceber a gravidade da situação, mas também estava tentando manter a calma. Sabia que Ruby precisava de mim agora mais do que nunca. Eu me levantei com rapidez, puxando os cobertores de lado e me apressando para me vestir.
— Vai ficar tudo bem, amor — falei com firmeza, enquanto ajudava Ruby a se levantar da cama, sentindo sua mão se apertar contra a minha com força. Eu sabia que a dor estava começando a apertá-la, mas o que mais me preocupava era como ela estava lidando com tudo isso.
Ruby estava respirando com dificuldade agora, e quando eu a ajudei a andar até o carro, ela se apoiou em mim. Mesmo com a dor visível, ela tentou sorrir novamente.
— Eu não sei... estou com medo, Elijah. São dois, e isso é muito... — Ela parou, prendendo a respiração, o medo evidente nos seus olhos.
Eu a olhei e a tranquilizei com mais um toque em sua mão. A dor não era fácil de ignorar, mas eu queria que ela se sentisse amparada. Ela estava dando tudo de si e eu estava com ela, de coração e alma, para o que viesse. A cada passo até o carro, a cada movimento, eu tentava distraí-la, focando nossa atenção em coisas que a acalmassem.
— Lembra da nossa viagem para a Grécia? — perguntei enquanto a ajudava a se acomodar no banco do carro. — Aquelas lojinhas que você adorou, as paisagens que você ficou tirando fotos o tempo todo? Quero te levar de novo, depois que tudo isso passar, para escolhermos o presente perfeito para Olívia e Matteo.
Ela soltou um suspiro, uma risada fraca escapando dos seus lábios. "Matteo" foi a primeira vez que ela pronunciou o nome do nosso filho, e isso me fez sorrir também. Eu queria que ela se sentisse conectada aos nossos filhos agora, distraída do que estava por vir. Sabia que o trabalho de parto seria longo e difícil, mas também sabia que Ruby tinha uma força dentro dela que eu jamais imaginei que ela possuía.
Chegamos ao hospital mais rápido do que eu esperava, o que me fez sentir um alívio momentâneo. Ruby ainda estava respirando fundo, tentando controlar a dor, mas eu estava com ela, segurando sua mão e a ajudando a sair do carro.
Assim que entramos na emergência, a equipe do hospital se mobilizou rapidamente. Uma enfermeira veio até nós, nos guiando para dentro da sala de parto. Ruby estava começando a perder um pouco da lucidez, a dor a fazendo se afastar da razão. Eu a conduzi até a cama, com o apoio da equipe médica, e ela se deitou, olhando para mim com olhos cheios de emoção.
— Vai ficar tudo bem, meu amor — eu disse, sentando ao lado dela e segurando sua mão com força. Ela estava lutando contra a dor das contrações, e eu sabia que ela estava se esforçando muito, com todo o amor do mundo, para que nossos filhos chegassem bem.
— Está quase na hora. — A enfermeira que estava à nossa frente fez um gesto para que eu me aproximasse mais de Ruby. — Respire fundo com ela, senhor. Ela precisa de você.
Eu me aproximei mais dela, e Ruby me olhou, ainda com aquela expressão de dor no rosto. Mas ela confiava em mim. Eu podia ver isso nos seus olhos, e isso me dava forças para continuar. Eu precisava ser sua rocha, seu apoio, seu abrigo naquele momento.
— Ruby, olhe para mim — disse, com a voz suave, tentando tirar o foco da dor. — Lembra quando começamos a reformar,o quarto dos bebês na fazenda? Como você ficou tão animada com a ideia de ter uma vida tranquila com nossos filhos? Isso vai acontecer, está acontecendo agora, nossos filhos estão prestes a nascer e nossa família vai ficar ainda mais forte, amor. Lembra de tudo que passamos? Eles são a nossa recompensa.
Ela olhou para mim, os olhos marejados, tentando focar em minhas palavras. Eu segurei sua mão ainda mais firme, e a beijei suavemente na testa, tentando tirar a tensão do seu corpo.
— Você está tão forte, Ruby. Olívia e Matteo têm a melhor mãe que poderiam ter. — Eu sorri para ela, tentando manter a serenidade, mas também havia um nó na minha garganta. Eu sentia a emoção a cada palavra que dizia, e a cada respiração dela.
A cada nova contração, Ruby se preparava, fechando os olhos e pressionando meus dedos com mais força. Eu a ajudava a se concentrar, respirando com ela, tentando acalmá-la. Sabia que o pior estava por vir, mas, juntos, nós passaríamos por isso. Eu não a deixaria ir embora sozinha, e isso se refletia em cada palavra, em cada gesto meu.
Quando o médico me disse que a hora estava finalmente chegando, a tensão tomou conta do ambiente. Ruby deu um suspiro profundo, e mais uma contração intensa surgiu. Eu sabia que ela estava exausta, mas ela ainda não desistia. Seus olhos estavam fixos nos meus, procurando por mais força. Eu não queria que ela visse meu próprio medo, então continuei sorrindo, tentando distraí-la.
— Ruby, olha só — eu disse, tentando fazer com que ela se acalmasse, sem que ela percebesse a dor ao seu redor. — Você lembra da última vez que fomos até o bar local? Aquele lugar tinha o melhor uísque artesanal da cidade. Depois que tudo isso passar, quero que a gente vá lá e escolha um para comemorar a chegada dos nossos filhos. Vai ser uma celebração da nossa família.
Ela me olhou com um sorriso, e isso me deu um alívio imenso. Eu sentia que, de alguma forma, ela estava conseguindo focar no que havia de bom ao nosso redor.
Com o comando do médico, Ruby deu mais uma forte respiração e, com um esforço monumental, nossa primeira filha, Olívia, foi trazida ao mundo. O choro dela foi o som mais maravilhoso que eu já ouvi. Ela estava aqui, com a pele suave e os olhos fechados, mas vivaz. A enfermeira a colocou em meus braços, e eu pude sentir a felicidade explodir dentro de mim.
— É uma menina — eu disse, com uma voz trêmula, vendo Ruby sorrir com os olhos cheios de lágrimas. Ela olhou para nossa filha, seus olhos brilhando de emoção.
Mas Ruby não teve tempo de descansar. A segunda contração chegou rapidamente, e ela se preparou para dar mais um esforço, para trazer ao mundo nosso filho, Matteo. Ela se concentrou novamente, respirando forte, dando tudo de si, até que, com a última força, Matteo foi trazido ao mundo. Seu choro ecoou pela sala, e eu não pude conter as lágrimas. Meu coração estava explodindo de felicidade.
— É um menino! — o médico anunciou, e eu só consegui olhar para Ruby, ambos sorrindo, sem palavras.
Eu segurei Matteo e Olívia com tanto amor e gratidão que não sabia como expressar. Olhei para Ruby, cansada, mas com um sorriso radiante, e beijei sua testa.
— Eles estão aqui, Ruby. Nossos filhos estão aqui.
Ela sorriu, ainda respirando profundamente, com os olhos brilhando.
— Eles são perfeitos, Elijah.
A felicidade se espalhou pelo nosso coração e eu sabia que, mesmo com todos os desafios que a vida nos trouxe, nada era mais importante do que aquela família que estávamos construindo.