Forty-six

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RUBY

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RUBY

O silêncio na casa era acolhedor. O som suave do vento batendo nas janelas e o farfalhar das árvores no quintal eram os únicos ecos que preenchiam o ambiente. O relógio na parede marcava as horas tardias, e eu estava sentada ao lado de Elijah na sala, o cheiro de madeira recém-lavada e o calor do fogo na lareira criando uma sensação de conforto ao nosso redor. Nossos filhos, Matteo e Olívia, já estavam dormindo profundamente em seus quartos, e a casa estava tranquila, com a única luz vindo da lareira e das lâmpadas baixas que iluminavam suavemente o ambiente. Era raro termos um momento só para nós, raramente conseguimos um espaço para refletir sobre tudo o que passamos, mas naquela noite parecia que o universo estava nos dando exatamente o que precisávamos.

Eu me inclinei para trás no sofá, apoiando a cabeça no ombro de Elijah. Ele estava com os olhos fixos na chama da lareira, os dedos entrelaçados com os meus, e, por um momento, a calmaria parecia imensa. Fiquei em silêncio, saboreando esse momento de paz, o toque reconfortante da mão dele, o ritmo da respiração dele ao meu lado. Em um mundo que nunca parava de girar, onde a vida estava sempre em movimento, aqueles minutos juntos eram um refúgio, um lugar seguro onde, por um momento, eu podia simplesmente ser.

Elijah virou a cabeça e me olhou com um sorriso tranquilo. Ele sempre tinha esse olhar terno, como se estivesse vendo algo que só ele podia enxergar, algo profundamente familiar e reconfortante. Eu sorri de volta, sentindo uma onda de amor e gratidão me invadir.

— O que está pensando, minha linda? — ele perguntou com suavidade, sua voz tranquila, como uma melodia calma que preenchia o ar.

Eu olhei para ele e, por um momento, o silêncio falou mais do que qualquer palavra poderia expressar. Eu poderia contar todos os desafios que passamos, todas as batalhas que enfrentamos juntos, mas, naquele instante, o que eu sentia era simplesmente... paz. E, mais que isso, uma imensa gratidão por ter Elijah ao meu lado, por termos criado esse lar, por termos essa vida, por termos nossos filhos.

— Estava pensando em tudo o que passamos, em como chegamos até aqui — respondi com suavidade, encostando minha cabeça novamente em seu ombro, sentindo o calor dele irradiando para mim. — Quando olho para nós, para a nossa família, para tudo que construímos, eu não posso deixar de me maravilhar. Não é só sobre o que conseguimos, mas sobre o quanto mudamos. O quanto nos encontramos... e, ao mesmo tempo, o quanto continuamos a nos redescobrir.

Ele ficou em silêncio por um momento, seus dedos traçando lentamente linhas nas minhas mãos, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas, ou apenas apreciando o momento. Então ele suspirou suavemente.

— Acho que nunca imaginaria que a vida pudesse ser assim — ele disse, a voz carregada de um tipo de ternura que me fazia derreter. — Quando nos conhecemos, eu estava tão focado no que queria para mim, para a fazenda, para o futuro... mas aí você apareceu e bagunçou tudo. Não que eu quisesse que fosse diferente, porque eu sei que sem você... sem o que temos agora, nada disso teria sentido.

Eu sorri, meu coração se aquecendo com suas palavras. Era incrível pensar que, há tantos anos, nos encontramos por um acaso, e agora, aqui estávamos, juntos, criando uma família, criando uma vida. Os desafios, as lágrimas, os altos e baixos, tudo isso nos fortaleceu, nos moldou, e agora parecia que estávamos em um momento de reflexão, olhando para trás com orgulho do caminho que havíamos trilhado.

— Não imaginava que o futuro seria assim também, Elijah — eu disse suavemente. — Mas, quando vejo a nossa vida agora, os nossos filhos, a fazenda, tudo o que conquistamos... eu vejo que, por mais difícil que tenha sido, foi tudo muito mais do que eu jamais sonhei. E a maior parte disso foi por causa de você. Você me ensinou a ser mais forte, a acreditar em mim mesma e no que podemos construir. E, mesmo quando as coisas não estavam fáceis, você sempre foi meu apoio, minha rocha.

Ele sorriu de volta, e o olhar dele foi suave e cheio de compreensão. Era como se, naquela noite, o peso do mundo estivesse aliviado. Talvez por um momento, o tempo tivesse parado para nós, permitindo que apenas nossa presença fizesse sentido.

— Eu acho que a gente foi feito um para o outro, Ruby. Sabe? De uma maneira estranha, quando tudo começou a acontecer, quando nossos caminhos se cruzaram, eu senti que tudo o que vivi até ali me preparou para você. A vida não é só sobre chegar lá, mas sobre quem você tem ao seu lado quando chega. E, com você, eu sei que estou exatamente onde deveria estar.

Eu o olhei nos olhos, sentindo a força do nosso vínculo em cada palavra que ele dizia. Havia algo tão profundo e verdadeiro em sua fala, que me senti quase sem palavras. As palavras não conseguiam expressar o que eu sentia, mas, por sorte, nossos gestos e olhares faziam isso de forma mais eficaz.

Foi então que ele se inclinou um pouco para frente e, com uma expressão mais suave, disse:

— Você é tudo para mim, Ruby. Sempre foi. E, se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo. Mesmo sabendo de todos os altos e baixos, eu faria tudo de novo, porque te tenho aqui comigo.

Aquelas palavras me tocaram profundamente. Eu sabia que ele se referia a tudo: ao nosso casamento, à nossa fazenda, aos momentos de dificuldade, às alegrias e aos sacrifícios que fizemos, juntos. Não havia mais dúvidas sobre nós. Não importava o que acontecesse, nós já havíamos nos escolhido, e continuaríamos a nos escolher todos os dias.

Aproximei-me dele, meus dedos tocando o rosto dele com carinho, e, sem pensar duas vezes, dei-lhe um beijo suave nos lábios. Não era um beijo apressado ou cheio de urgência, mas um beijo de carinho, de apreciação. E quando nos separamos, nossos olhares se encontraram novamente, mais intensos do que nunca.

Ele passou as mãos nos meus cabelos, puxando-me para mais perto, e, dessa vez, o beijo foi mais profundo, mais quente. Eu me senti segura em seus braços, como se o mundo inteiro pudesse desaparecer e, ainda assim, eu estaria em casa. O calor de seu corpo contra o meu era tudo o que eu precisava naquele momento. Não havia mais nada a ser dito. Os gestos de carinho, os toques, o amor que transbordava entre nós era suficiente.

Ele me abraçou de novo, e, ao me envolver em seus braços, ele disse:

— Nós construímos algo muito bonito, Ruby. Algo que ninguém pode tirar de nós. E eu prometo, vou continuar te amando e te escolhendo todos os dias. Para sempre.

Eu sorri contra o peito dele, sentindo a batida tranquila do coração dele, e então, sem conseguir evitar, me afastei um pouco para olhar seus olhos. Havia algo tão profundo em sua expressão. Algo que falava de tudo que já passamos, de tudo o que construímos e, mais importante, de tudo o que ainda está por vir.

— Eu também te escolho, Elijah. Para sempre. Você e eu, nós contra o mundo. E, se tiver que ser assim, será assim. Para sempre.

Ele sorriu, e naquele sorriso eu vi tudo o que eu precisava ver. Ele era meu, e eu era dele. O futuro ainda tinha desafios, mas naquele momento, não havia nada que pudesse nos separar. O amor que compartilhávamos estava amadurecendo, tornando-se mais forte, mais profundo a cada dia.

Com um beijo carinhoso na testa, Elijah me puxou para mais perto, e, enquanto a lareira queimava lentamente, nos entregamos ao silêncio confortável, sabendo que não havia mais nada a ser dito. O amor, o carinho, o companheirismo — tudo o que construímos e ainda construiríamos — estava perfeito assim, sem pressa, sem cobranças. Apenas nós dois. Juntos. Para sempre.

𝐓𝐄𝐍𝐍𝐄𝐒𝐒𝐄𝐄 𝐖𝐇𝐈𝐒𝐊𝐄𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora