Capítulo 4 - Sangue

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— EU ACHO QUE JÁ PERGUNTEI ISSO, MAS... PAra onde estamos indo? — minha respiração está ofegante como nunca esteve antes e parece que meu coração pode escapar pela boca a qualquer momento. Claro, não é algo muito lógico, mas mesmo assim, cerro os dentes firmemente enquanto corro.

— Para o único lugar seguro no momento: minha casa. — responde Halt. Ele não chega a estar ofegante, mas a respiração está claramente acelerada. Corremos por mais alguns metros a toda a velocidade e eu me surpreendo por estar conseguindo acompanhar. Os kallckaras devem estar no mínimo vinte metros longe de nós, mas não ouso olhar para trás. Não seria muito difícil tropeçar e cair de cara na calçada se eu tentasse fazer isso.

Avisto um sedan preto estacionado uns quinze metros à frente. E ele me chama a atenção justamente por ser um sedan e por ser preto. Nos filmes, esse é o carro preferido para fugas e eu não me surpreenderei se chegar nesse carro for nosso objetivo atual.

De soslaio, vejo Halt mirando a chave na direção do carro e o destranca com um "bip, bip". Okay... essa fuga está começando a ficar oficial e virando um sonho muito louco. Ele vira a cabeça para mim e abre a boca para dizer algo, mas é interrompido por o que eu acho que seja uma bala que passa zunindo alguns centímetros da cabeça dele.

Oh, meu Deus! Eles têm armas de fogo! Penso em dizer, mas não tenho fôlego suficiente para isso.

É claro que eles têm armas de fogo, Alyss. Halt disse que eles estão caçando os cinéticos para mata-los. E estamos no século XXI. Matar alguém só com espadas seria idiotice. Penso, repreendendo-me pela minha observação inútil. Que bom que estava sem fôlego para dizer aquilo.

— Entra no carro. Rápido! — Halt grita para mim assim que ficamos a cinco passos do sedan. Forço meus pés a diminuírem a velocidade e o obedeço, minhas mãos tremendo tanto que mal consigo puxar a maçaneta. Halt faz o mesmo, gira a chave na velocidade da luz e pisa fundo no acelerador no segundo em que a primeira fileira de kallckaras nos alcança e começa a atirar no vidro de trás e a bater com suas espadas, não o quebrando por pouco. A sensação está sendo bem parecida com a de um apocalipse zumbi, e se não fosse pela aparência peluda dos kallckaras e pelos vários tiros que passaram voando pelo carro e quebrando a janela de trás, eu com certeza pensaria que eu entrei no set de filmagens do The Walking Dead e ninguém me avisou.

Mesmo nos distanciando bastante dos kallckaras, eles ainda tentam nos acertar com tiros, o que me deixa completamente desesperada. A ideia de ser baleada dentro de um carro e morrer alguns minutos depois de descobrir que tenho poderes congelantes não me é nem um pouco convidativa.

— Mantenha-se abaixada e com os braços junto ao corpo. Assim, a chance de não ser atingida é.. Argh! — o grito de dor de Halt faz eu, literalmente, dar um pulo em meu banco. Olho para ele assustada e não consigo evitar soltar um grito de terror ao ver seu braço jorrando sangue. Meu coração dispara e eu fico sem reação. Devo assumir a direção enquanto ele faz um curativo com a boca? Ou eu devo soltar um grito muito épico e atirar cacos de vidro de volta? (Ei, estamos em um sedan preto e eu estou em pânico, tudo é possível!).

Mas antes que eu pudesse decidir alguma coisa épica para fazer, abro a boca e falo a única coisa que não se deve dizer nessa situação:

— Halt, você foi atingido!

Halt solta um gemido de dor, mas não olha para o braço.

— Foi de raspão. — diz ele com a voz rouca. — Alysson, em baixo do seu banco há um kit de primeiros socorros. Abra-o e pegue uma bandagem — Halt diz, endireitando-se no banco de forma que fique mais encolhido, como havia me instruído meio segundo antes de levar o tiro. Dou uma breve olhada no vidro retrovisor para ver se eles ainda estão nos perseguindo e fico um pouco menos em choque quando noto que os kallckaras não passam de pequenos pontos negros no horizonte.

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