Capítulo 6 - Águia

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MEU CORAÇÃO É COMO UMA METRALHADORA QUAndo escuto a porta de entrada ser aberta com cautela.

Estou escondida atrás do balcão da cozinha, espiando pelo lado. Vejo Halt segurando a maçaneta da porta antes de abrir com um puxão veloz, levando a faca atrás da cabeça e logo em seguida abaixá-la com um grunhido de surpresa.

Ele encara a pessoa do outro lado da porta por alguns segundos antes de dar um passo para trás, permitindo a passagem de quem quer que seja.

— O que faz aqui?

— Precisamos conversar — a voz é feminina. O tom confiante que ela possui não abre espaço para recusa.

— Claro — ele coloca a faca no bolso traseiro e aponta para a casa. — Entre, por favor.

O som do salto indica a entrada da mulher, que coloca os óculos escuros no topo da cabeça antes de olhar em volta. Meu coração falha uma batida quando ela demora seu olhar em meu esconderijo e eu tenho que segurar o suspiro de alívio quando ela não diz nada. Quando volto a olhar, ela não demonstra saber a minha presença, mas seu tom é menos decidido quando ela responde à pergunta de Halt sobre o assunto da conversa:

— Preciso de um novo traje térmico — a pergunta silenciosa de Halt é o bastante para fazê-la acrescentar: — O meu está ruim — para enfatizar, ela ergue um pouco a camisa e, apesar de não conseguir enxergar de onde estou, o olhar de Halt me conta que há algum ferimento grave no local.

Cinética? Piro? Eu ouvi bem?

— Achei que você a derrotava na moleza — diz, quando a mulher abaixa a camisa.

— Eu sim, mas o traje, não. Você sabe como Os Grandes podem ser imprevisíveis, ainda mais quando se trata de uma pirocinética.

Cinética? Piro? Eu ouvi bem?

Halt não parece convencido. Ele cruza os braços.

— Você tem mais recursos do que eu. Por que preferiu vir até aqui para pedir trajes usados?

— Sei que você ainda mantém os seus com você e que eles são um dos melhores no mercado — ela fala depressa. Toda a confiança que ela apresentara anteriormente sumira.

Ele não responde.

— Por favor — acrescenta. — Não vou conseguir comprar um como o seu sem chamar atenção.

— Tudo bem — ele suspira pesadamente e passa uma das mãos no cabelo. — Espere um pouco. Vou lá pegar para você — Halt se vira e vai até a sala de treinamento, deixando a faca em cima do balcão. Ele não olha para mim.

Agora que não há mais movimento, consigo ver melhor a mulher. Ela já deve estar na faixa dos quarenta anos, mas mesmo assim acho ela muito bonita.

Ela é claramente forte (óbvio, é uma protetora), e seus cabelos extremamente pretos estão presos em um rabo alto, o que deixa seus olhos esguios cinzas desprovidos de cobertura. A forma como ela olha para todos os cantos da casa de Halt me lembra o olhar de um falcão que vi certa vez em um documentário da Discovery.

Atento e esperto. Como se pudesse ver até mesmo as pequenas poeiras em cima da estante de Halt. Hipnotizantes.

— Não precisa ficar aí escondida, querida — ela diz de repente, olhando em minha direção. Se ela está surpresa por me encontrar a espionando atrás do balcão, ela não demonstra.

— E-eu... — levanto-me rapidamente, desconcentrada por ter sido percebida pela mulher. Seria mentira se eu dissesse que estou surpresa por ela ter me visto, mas mesmo assim...

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