É estranho demais quando eu digo que me observar lutar ao vivo, com as roupas rasgadas e olhar feroz, é algo mais intimidador do que o de Horace quando tentou me bater?
Os outros também lutam com afinco, mas é o meu poder que me deixa atônita. Eu tenho tanto controle sobre o gelo que todos os movimentos são fluidos, como se fazer uma explosão de estalactites fosse tão simples como mexer um dedo.
Uma garota ruiva que lança bolas de fogo pelas mãos particularmente chama a minha atenção. Ela luta extremamente bem ao meu lado e, apesar da falta de sincronia e visível desgosto por mim, os kallckaras caem rapidamente.
Halt está lutando com uma espada e uma pistola, mas é nítido que, aos poucos, está sendo cercado. O garoto emo, cercado de uma escuridão dançante, entra em um portal negro, aparecendo imediatamente atrás de Halt, mais especificamente em cima de um kallckara que está prestes a atingir meu protetor com a espada.
A escuridão em volta do seu corpo se espalha como água ao redor do pescoço do kallckara e, em menos de dois segundos, ele cai, inerte.
A luta é tão rápida e dinâmica, que só consigo processar a Alyss fortona jogando um bastão de gelo para Keyla, que o usa como substituto para nocautear os kallckara.
— Não é algo tão... ingênuo? — indaga Klonthus, me fazendo ter um sobressalto. Por um momento, tinha me esquecido que ele estava aqui. — Alysson, não é? — ele diz meu nome pausadamente, saboreando cada sílaba. — Tenho que lhe dar crédito pela coragem, de qualquer forma.
Não posso discordar. É claro que vamos perder. Está na cara que sim. Há centenas de kallckaras e consigo sentir snipers se posicionando nos prédios a nossa volta.
O grupo está desesperado. Eles também sabem que vão perder, mas continuam lutando mesmo assim. Não consigo imaginar a situação que nos colocou aqui e nem quero.
— É só mais um pesadelo — murmuro baixinho. Quero gritar. Quero chorar. Quero abrir os olhos de uma vez pra acordar. Mas nada funciona.
— É um bom nome para o seu futuro... — ele soa pensativo. — "Pesadelo". Embora eu ache um tanto quanto dramático.
— Nós jamais seriamos tão...
Interrompo-me. "Idiotas" não parece ser uma palavra adequada para o que eu vejo. Não sei o contexto em que estamos — sequer sei onde estamos —, então não poderia tirar alguma conclusão.
— Ah! Esta é a minha parte favorita. Observe — Klonthus aumenta a pressão em meu pulso.
Observo enquanto o grupo fica exausto. Halt está com um corte feio na perna e o garoto emo está caído. Estou de costas para Keyla, lutando com um bastão de gelo, quando o tiro corta a batalha.
Um segundo depois, estou caída, inerte. Halt grita no momento em que outro tiro o atinge também.
Keyla se distrai por um segundo fatal e sua garganta é cortada.
Fecho os olhos com a visão. Sangue. É muito sangue.
Quando volto a abri-los, a batalha terminou. A garota ruiva e a loira estão mortas também.
— É isso o que vai acontecer — diz Klonthus por fim, observando com um prazer doentio seu exército rugir em vitória. — Meus números são bem maiores do que os seus. Não há chance alguma.
Observo meu corpo com enjoo. Inerte. Sem vida. Sangrando. Destruído.
As pessoas dizem que, quando alguém morre, é como se ela estivesse dormindo. Não é o meu caso. Parece que eu estou tendo um pesadelo e continuo sentindo dores. Minha posição também não é nada natural para alguém que dorme.
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Cryokinesis
Science FictionAlyss nasceu com um dom. Um dom que por muitas vezes desejou não tê-lo. A habilidade de poder controlar o gelo e as baixas temperaturas tornou-se um fardo em sua vida; principalmente porque agora ela está sendo caçada. O que para ela era julgado c...