Capítulo 16 - Cabana

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EDIÇÃO DO DIA 24/AGO/2020: Eu descobri que despublicar capítulos não faz perder as leituras, então vou despublicar tudo que não está editado pra vocês poderem receber notificações : D

(se preferirem tudo publicado, me avisem)

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ACORDO COM A MINHA BARRIGA RONCANDO, DESPERTA PElo cheiro adorável de comida no ar.

Abro os olhos e observo a estrutura de madeira do quarto e não consigo evitar abrir um pequeno sorriso. Segura, penso, segurando com força o saco de dormir fedorento que está sob o meu corpo, eu sobrevivi à caverna, ao Klonthus e ao Kollon. Estou segura.

Sento-me com um grunhido de dor e apoio a cabeça na parede, esperando a tontura diminuir enquanto ouço a natureza despertar além das paredes finas da cabana, mas isso me deixa nervosa. O canto dos pássaros me faz lembrar do Kollon.

Se eles pudessem me entender, como será que reagiriam se eu dissesse que a poucos quilômetros daqui, vive um monstro cruel que faz experimentos terríveis com criaturas inocentes como eles?

Provavelmente voariam outro lado do mundo e nunca mais olhariam para trás. Os que ficassem, receberiam dentes de navalha e teriam uma morte muito, muito lenta.

— Alyss? — escuto a voz rouca do aerocinético no outro lado da porta. — Está acordada?

— Estou.

— Esquentei o feijão. Podemos comer juntos, se quiser.

— Tudo bem.

Ouço ele se afastar e meu estômago ronca ao pensar no feijão quentinho me esperando. Nunca imaginei que eu iria ficar assim por causa de feijão enlatado, mas eu também nunca passei fome na vida e meu corpo está avido por qualquer coisa minimamente comestível.

Will, o aerocinético, me contou que essa cabana era a base que Crayton, seu protetor, havia construído para treiná-lo, mas, percebendo a atividade kallckara na região, abandonou o local e eles foram para uma cidade pequena no outro lado do mundo.

A caminhada da caverna até aqui levou duas horas, mas com certeza teria levado a metade do tempo se Will não tivesse se perdido ou se estivesse de dia. Estávamos quase desmaiando de exaustão quando a encontramos em uma clareira. Revistando os armários, conseguimos encontrar três latas de feijão em conserva, dois kits de primeiros socorros, uma faca de caça e uma panela meio amassada.

Estávamos tão cansados que nem conversamos quando dividimos uma lata de feijão em silêncio e, enquanto Will procurava algum cobertor ou saco de dormir, aproveitei para limpar meus ferimentos e colocar um curativo mais apropriado no meu braço. Apesar de não apresentar sinais de pus, é nítido que eu preciso levar alguns pontos para que ele se feche rapidamente, mas resolvi adiar isso. Minha cota de dor já havia ultrapassado o limite três vezes ontem.

Minha barriga ronca novamente, despertando-me dos meus devaneios. Com um suspiro, deslizo para fora do saco de dormir e saio do quarto.

A cabana é extremamente simples: uma sala embutida à cozinha, um banheiro com o vaso sanitário quebrado e dois quartos vazios. Então, quando eu saio de meu quarto, encontro Will na sala, sentado de pernas cruzadas no chão com um notebook em seu colo. Ele parece concentrado em algo, mas quando me vê, lança um sorriso desanimado e aponta com a mão esquerda para o fogão desligado, onde há uma panela fumegante em cima.

— Essa cabana não está tão mal quanto eu imaginei — diz ele quando pego a panela e me sento em sua frente. — O fogão ainda funciona e eu encontrei esse notebook com bateria. Ainda estou tentando arrumar sinal, mas já é algo.

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