Capítulo 29 - Plano

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ASSIM QUE O RELÓGIO BATE SEIS HORAS DA MANhã, Keyla está batendo na nossa porta. Eu vou atender correndo. Minha cabeça lateja e eu acho que nem o chocolate quente de Horace conseguiria aliviar isso para mim.

— Olá, querida — cumprimenta, com um sorriso. Ela usa um óculos escuro redondo e um sobretudo impecavelmente branco. É surpreendente que ele não tenha sequer um amassado, considerando que ela fez uma viagem até aqui. — É um prazer te conhecer propriamente.

Ela me estende a mão livre para que eu a aperte e, mais uma vez, me surpreendo por ela estar tão bem cuidada, apesar de algumas leves marcas de queimadura.

— Posso ficar com vocês por quanto tempo precisarem.

— Qualquer ajuda é bem-vinda.

Keyla assente enquanto me entrega a mala preta que trouxe. Ela tem um peso médio.

— O que vocês estão planejando fazer é loucura, devo dizer, mas também é algo muito nobre, típico de Halt — ela ri baixinho. — Eu pensei em trazer minha protegida para ajuda-los, mas ela mais atrapalharia do que qualquer coisa.

— Keyla! — a voz do meu protetor soa atrás de mim. Ele se adianta e a abraça brevemente antes de fechar a porta. — Obrigado por vir.

Ela coloca os óculos no cabelo, de forma que eu consigo ver seus olhos de águia. Como da última vez que a vi, eles estão atentos a tudo ao redor. Tenho certeza de que ela saberia dizer qual é a disposição dos sofás caso a vendassem agora mesmo.

— É um prazer ajudar — fala, um sorriso perfeito estampado no rosto. — Onde está o aerocinético?

Como em resposta, Will aparece na sala e vem até a porta, onde cumprimenta Keyla com uma reverência curta e um aperto de mão.

— É um prazer finalmente te conhecer — diz. — Ouvi muito sobre você.

A protetora arqueia uma sobrancelha. Até mesmo esse gesto parece elegante nela.

— Ouviu, é?

Halt limpa a garganta antes que Will pudesse responder. Ele aponta para os sofás.

— Por que não se senta? Te contaremos sobre o que temos até agora.

— Claro.

Com passos precisos, ela atravessa a sala. Deixo a mala no canto do sofá e também me sento. Will fica do meu lado, enquanto que Halt fica de frente para Keyla.

Há aquele breve momento de silêncio antes de alguém do grupo tomar a iniciativa de falar. A protetora se ajeita no sofá antes de ser a pessoa com a iniciativa.

— Mermão, tô te dizendo: eu coloquei coisa que não deveria naquele chocolate. Cuidado com o ban... — Horace se interrompe quando percebe a nossa visita. Ele a observa por alguns segundos antes de ficar com a coluna mais ereta e arrumar o cabelo rapidamente. — Não sabia que teríamos uma visita tão... deslumbrante.

Do canto dos olhos, consigo ver Halt se mexer na cadeira.

— Keyla, esse é Horace. Ele não é cinético, mas acabou descobrindo sobre nós por ser recruta do exército.

A protetora balança a cabeça em um gesto positivo. Ela observa o garoto com um ar de curiosidade. Mas graças ao meu curso de um episódio de Discovery Channel, eu conheço águias o suficientemente bem para saber que há muitos detalhes que ela está analisando sobre Horace.

— Entendo... — parecendo relutante, para a satisfação do loiro, ela desvia o olhar. — O que vocês planejaram?

— Dependerá do local onde Klonthus os mantém. Fizemos especulações, mas acredito que será uma perda de tempo explicar todas elas a você — diz Halt. — O drone já está no local?

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