Capítulo 15 - Kollon

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É um urso polar de dois metros. Ou pelo menos o que um dia poderia ter sido um urso polar, caso sua mandíbula não estivesse deslocada em um ângulo nada natural, com duas fileiras de dentes, afiados como os de Klonthus, o impedindo de conseguir fechar a boca. Apesar disso, ele tenta, mas o movimento só machuca ainda mais o interior. O sangue escorrendo pela pelagem suja e o bramido de dor do animal faz meu coração se compadecer um pouco por ele.

No entanto, o urso está magro e com certeza está vendo nós dois como seu jantar, sentindo dor para fechar a boca ou não.

— Distrairei ele — informa o garoto, correndo até uma das cadeiras. Ele pega uma, levantando sobre a cabeça com um grunhido rouco.

Seguro o punho da espada até sentir os nós dos meus dedos ficarem brancos. O Kollon me observa com voracidade, os olhinhos pretos sofridos encarando sua presa, o que o distraí da cadeira voadora que o atinge com força no focinho. Ele brame de dor e olha para o aerocinético com uma fúria selvagem.

Ele não perde tempo e pega outra cadeira, jogando no Kollon que dessa vez se desvia do ataque, agachando-se nas patas traseiras, aproveitando para usá-las de alavanca e avança sobre o garoto em uma velocidade impressionante.

Quando o aerocinético pula sobre a mesa, deslizando para o outro lado, eu obrigo minhas pernas se moverem. Rápido demais, urso não consegue parar a tempo de se chocar contra a mesa com um estalo surdo.

O ambiente é pequeno. Com toda a sua velocidade, ele fica desajeitado aqui.

Pisco, o plano surgindo em minha mente.

— Vou congelar o chão — anuncio. — Faça o Kollon bater nas paredes, ele não vai conseguir parar!

— Deixa comigo.

Corro até um canto enquanto a criatura se levanta devagar, encarando o garoto, e visualizo o chão polido da sala se congelando. Quando o Kollon corre na direção do aerocinético, seus pés deslizam no chão, o que diminui sua velocidade o suficiente para ele pegar outra cadeira e jogar em sua direção, chamando o Kollon para a parede à minha direita.

Concentro-me em fazer uma trilha de gelo no lugar que a criatura provavelmente vai passar. Minha visão escurece, mas é o suficiente para que ela deslize e se choque contra a prede com um estrondo.

— Isso com certeza vai fazer os kallckaras descerem até aqui — diz o garoto, mas eu o ignoro e disparo na direção da criatura, a espada em riste.

— Rawrrrr! — percebendo minha chegada o Kollon vira o rosto para mim em um giro, obrigando-me a dar meia volta para desviar de sua mordida.

A criatura solta um bramido de dor quando os próprios dentes se encontram com o céu da boca, e sangue jorra no chão.

— Corra até as celas! — grita do outro lado da sala. — Eu tenho um plano!

Não tenho tempo de questionar ou fazer qualquer outra coisa além de obedecer, aproveitando a curta brecha de tempo para me jogar no corredor da qual viemos. Meus ouvidos zunem, mas eu acelero o passo quando escuto que a criatura já se levantou, mais furiosa do que nunca com o novo ferimento.

O corredor se abre para a sala que encontrei o aerocinético e eu vou em disparada até as duas barras quebradas. Talvez... se eu me esconder na cela... eu tenha uma chance.

Talvez, só talvez, o Kollon não consiga tirar as barras e eu esteja segura ali.

O cheiro pútrido invade minhas narinas e escuto o bater das garras do urso contra o chão de pedra, mas não ouso olhar por cima do ombro. O fedor já é o bastante para me dizer o quanto ele está perto.

CryokinesisOnde histórias criam vida. Descubra agora