Capítulo 30 - Lei de Murphy

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— PRONTO? — PERGUNTO A WILL, OBSERVANDO SEUS OLHOS ESCuros refletindo a luz da lua cheia, e, apesar de haver medo refletindo neles, o garoto assente.

— Vamos nessa.

Halt verifica o comunicador antes de fazer um sinal de positivo para nós três.

Respiro fundo quando noto que essa é a hora. É momento que nossas vidas estão em risco e, apesar de não ter dormido muito, estou mais desperta do que nunca. Todos os meus sentidos trabalham em sintonia conforme saímos da proteção da floresta e nos esgueiramos até a caverna.

Planejamos esse momento o dia inteiro ontem. Fazíamos turnos de uma hora para dormirmos de forma que Klonthus não pudesse invadir nossas mentes e descobrir tudo.

O plano é até que simples: plantaremos alguns detonadores na entrada da caverna, para que tranquemos todos lá dentro caso algo dê errado. Então, entraremos e iremos até a sala de celas onde encontrei Will.

O drone de Keyla se provou extremamente útil para mapearmos parte da caverna e encontrarmos Chacal. Ele não parecia estar machucado, mas seu rosto de raposa estava extremamente assustado.

Quando o drone passou por ele, o garoto fugiu para o fundo da cela, aterrorizado.

Ele definitivamente não é aquele garoto sorridente que eu conhecera. Aquele jovem com tanta alegria de viver... Sumira. Transformou-se em alguém que eu sequer reconheceria se não fosse pela cor do cabelo.

E tudo isso porque ele me ajudou — tudo isso porque eu falei seu nome e porque me importo com ele.

Isso faz com que meu estômago se aperte com a culpa.

Enquanto essa operação está sendo feita, Keyla e sua protegida estão perto da clareira da comunidade, prontas para evacuá-los assim que pegarmos Chacal. No nosso plano, a comunicação é fundamental para o sucesso.

Assim que Halt posiciona os dispositivos na fenda, ele faz sinal para que eu entre primeiro. Ajeito meu rifle quando me espremo para passar na pequena entrada de uns trinta centímetros de largura.

O ar da caverna é pesado e quente. Sinto partículas de poeira entrando nas minhas narinas conforme me escoro na parede, esperando os outros passarem.

Will é o segundo e, quando passa, se coloca ao meu lado. Não posso deixar de notar que seu ombro encosta no meu por alguns segundos e em como esse breve contato faz com que meu coração se acelere um pouco.

Horace passa com um grunhido baixo. Ele observa a entrada com curiosidade. As tochas parcas iluminando um pouco o local grande e espaçoso o bastante para alocar uma pequena tropa.

Halt faz um sinal com o braço, indicando para avançarmos. Em silêncio, corremos até o corredor. Há três passagens possíveis: para a esquerda, direita, ou para a frente.

Não hesitamos quando pegamos o caminho da esquerda.

Por não ter tido o treinamento de Halt, Horace faz um pouco de barulho quando corre, o que me deixa aflita. Coloco o dedo indicador sobre meus lábios quando me viro em sua direção, pedindo silêncio, mas, além de uma leve hesitação na corrida, ele não consegue ficar mais quieto do que isso.

Viramos à direita, que dá para a conhecida sala de reuniões. Hoje, ela está tomada pela escuridão. As únicas tochas acesas servem para iluminar o caminho para as duas outras possibilidades de corredores.

Halt coloca uma mão na testa, como se bloqueando o sol, o que, de acordo com a aula de comunicação por sinais que tivemos, é uma ordem para ficarmos alertas.

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