Capítulo 11 - Tic-toc

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CORRO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL ATÉ O COMeço das luzes vermelhas, parando abruptamente para pensar em uma estratégia de movimentos.

Há vinte dispositivos presos à parede, distribuídos da forma cinco por quatro, onde o mais alto bate na altura dos meus olhos e o mais baixo no meu tornozelo. Os do meio estão entre meu busto e quadril.

Resolvo ir pelo meio, onde há um espaço maior. Estico bem uma perna para cobrir o espaço de dois feixes.

Percebo que é um erro no momento que ouço o meu pé na grama. Encolho-me automaticamente, as palavras de Halt dançando pelos meus ouvidos como um fantasma.

Não deixe que suas emoções tirem sua concentração, e consequentemente abra muitas brechas na sua defesa. É uma das suas frases favoritas. Sinto o olhar de meu protetor me observar com curiosidade em cima da máquina com braços, provavelmente repetindo essa frase mais uma vez em sua mente, chamando-me de distraída.

Nunca pensei que eu admiraria tanto os agentes supersecretos dos filmes quando passo meu corpo por baixo do feixe. Meu abdômen queima com o esforço, mas dessa vez eu passo o pé só por um feixe.

Meu corpo se cansa muito mais rápido do que eu previ. O esforço de me levantar sem dobrar os joelhos é absurdo para o meu corpo cansado e, quando eu finalmente estou na última fileira, quase me jogo entre os fios, mas me contenho e inspiro fundo para conter meu corpo trêmulo.

Certo, Alyss. Com calma agora...

Ignorado todas as reclamações de meus músculos e a vontade absurda de simplesmente me levantar, passo a perna e depois o corpo com muito cuidado. Permito-me alguns segundos para descansar antes de correr até o bastão fino de metal que bate no meu ombro.

Seguro a haste com força e olho pra máquina e ei! É impressão minha ou os braços estão girando mais rápido?

O fato é: eu nunca conseguirei subir nisso desse jeito.

Olho para o topo dela, de onde Halt me observa com um olhar zombeteiro.

Corro até a máquina, parando no limite de seus braços e traço um objetivo.

Certo, vou acertar o máximo de alvos que eu conseguir, e então vou subir na máquina, quebrando o resto de braços com o bastão. Já que sei que vai ser inútil eu tentar congelar esses braços se mal consigo congelar uma tigela de sorvete sob pressão.

O alvo mais próximo de mim está à dez metros de distância. Pouso o bastão na grama, e aproximo minhas mãos uma das outras, como se estivesse segurando uma bola de handebol invisível.

"— As famosas bolas de energia do Dragon Ball, se chamam psiballs. Em outras palavras, bolas psíquicas. Você também pode fazê-las usando a criocinese. Tudo bem que não vai ser de energia, e sim gelo. Mas você à construirá da mesma forma. Disse Halt certa vez em um dos treinos cinéticos. Agora, para fazer sua psiball de gelo é simples: tudo o que você precisa é imaginar que segura uma bola de handebol, só que de energia.

Fiz o que ele disse, fechando os olhos para me concentrar.

— Com o tempo, imagine que essa bola está sugando o frio à sua volta, e que consequentemente ela está se congelando, e aos poucos, ficando tão fria a ponto de virar uma pedra de gelo. Lembrando que não precisa deixar ela chegar nesse ponto. Pode parar quando você quiser."

Apesar de eu ter tido apenas duas aulas de psiballs, consigo fazer a esfera sem grandes dificuldades.

Como me fora ensinado, imagino o frio chegando em minha psiball, e fico assim durante alguns segundos, até senti-lo no meio de minhas mãos.

Olho para elas, super feliz ao ver uma bola intermediária de neve no meio delas.

Direciono ela até o alvo parado à dez metros de mim, torcendo para que eu o acerte.

— Droga! — Exclamo quando a bola passa uns três metros à direita do alvo. Como eu posso ter uma mira tão ruim assim a ponto de errar um alvo desses não é mistério nenhum. E essa é a prova definitiva do porquê Halt ainda reluta em me ensinar a atirar com armas de longa distância.

Brava, faço outra psiball de gelo, mas rápido dessa vez, e a jogo em direção ao alvo, que dessa vez o atinge. Não no centro, para minha infelicidade. Mas pelo menos acertou.

Olho para a máquina e vejo um braço parar de se mexer instantaneamente.

O próximo alvo está a dez metros de distância de mim. Dou cinco passos para frente e lanço a psiball nele, que o acerta no canto. Outro braço para.

— Tic-toc, tic-toc... — olho para o topo da máquina, onde Halt está me observando e apontando para o cronometro em seu pulso. Olho em volta. O alvo mais próximo está a vinte metros de distância.

Parece que vou ter que me contentar com apenas dois braços parados mesmo...

Pego meu bastão do chão e vou de encontro com a máquina, o que me dá tempo para começar a pensar em um discurso de últimas palavras antes de eu chegar no alcance dos braços.

O primeiro braço (o mais baixo), tenta me derrubar dando um tipo de "rasteira de máquina". Porém, por instinto, dou um pulo, e o braço passa direto.

Continuo avançando rápido até chegar na base da máquina. Estico os braços para começar a escalar, mas, distraída demais em achar um lugar para colocar o bastão de metal para que eu possa subir, não percebo a haste do braço de madeira indo de encontro a minha cabeça. Como é bem na base da máquina, ele não é acolchoado. Escuto o baque surdo dela contra o meu crânio antes de sentir dor e então tudo se apaga.

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Novecentas palavrinhas só? Pois é. Foi mais um teste... vocês preferem capítulos desse tamanho ou preferem as minhas bíblias?

Espero muito muito que estejam gostando. Seus comentarios aquecem tanto meu coração... Mesmo quando é só aquela risadinha nos parágrafos. Ah, não tem preço!

Até o próximo cap, meus congelados!

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