Capítulo 8 - Bob

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A PRIMEIRA SEMANA PASSA TÃO RÁPIDO QUe eu mal percebo que não estou indo mais à escola. Por causa da minha falta de familiaridade com exercícios físicos e, obviamente, esse lance poderes, Halt está fazendo o máximo para poder compensar o tempo perdido: acordamos às cinco da manhã para os primeiros dois treinamentos. Depois do almoço, Halt me ensina diversas coisas que podem ser úteis em combate: desde formas de tratar de um osso quebrado a quais produtos de limpeza podem ser usados para improvisar uma explosão. Ele também me ensina geografia. Tipo, MUITA geografia, pois, segundo ele, saber ler mapas, bússolas e as principais demografias dos países é algo muito importante. Embora ache essas aulas em específico bem entediantes, eu tenho que concordar com ele: se conhecermos o terreno, teremos vantagem sobre o inimigo.

Halt apenas me libera das atividades às sete da noite. Teoricamente era para eu aproveitar esse tempo para ler o pequeno livro que trouxeram da minha casa antes de ontem, pensar na vida ou simplesmente chorar de saudades de casa, mas geralmente eu fico tão cansada que tudo o que eu faço é cair na cama e dormir, sonhando com a minha vida comum de antes. Parece que foi há tanto tempo...

— Halt, eu sei que essa é uma pergunta bem idiota, mas... eu não irei mais para a escola, não?

Estamos sentados um de frente para o outro na pequena mesa de madeira da cozinha. Halt está no notebook, olhando as notícias em busca de algum sinal dos kallckaras. Ele faz isso todas as manhãs e toda a noite.

— Por que você considera esta uma pergunta idiota? — pergunta, sem levantar os olhos da tela.

— Porque... bem... — encolho os ombros, já sabendo onde ele queria chegar. — Se formos analisar toda a nossa rotina, não há tempo para a escola?

Ele assente.

— Então acho que sua pergunta já foi respondida.

— Mas você não acha muito estranho eu sair da escola assim, no meio do ano? E também eu não acho que eu consiga ter muitas vantagens, socialmente falando, não completando a escola.

— Documentos não são problema. Qualquer coisa é só falsificar — fala. — Não é como se isso fosse um crime muito grave. Pelo menos de geografia e física você está tendo bastantes aulas — ele faz uma pausa, pensando em algo. — Mas se você quer tanto assim ter todas as aulas necessárias para a sua formação, eu posso te dar as elas, quando acabarmos tudo o que temos que fazer.

Legal. Além de terminar tudo às sete, ainda teria que sacrificar algumas preciosas horas do meu tempo de sono para estudar matemática.

— Quer saber? Eu não preciso estudar por enquanto — definitivamente, eu prefiro ter que fazer o ensino médio na fase adulta do que ter aulas com Halt.

— Você sabe que toda essa rotina exaustiva que estamos tendo não vai ser pra sempre, não é?

Assinto. Retirando o tempo das nossas pausas, descansos e horas livres ao longo do dia, os treinamentos e estudos do dia tomam nove horas do dia, o que é o bastante para deixar qualquer ser humano comum no limite. Incrivelmente, sinto que estou longe do meu limite, mas eu vejo nas olheiras de Halt que ele está perto do dele.

— Podemos deixar as aulas para depois.

— Você é quem sabe — ele dá de ombros ao digitar alguma coisa. — De qualquer maneira, não vamos ter o segundo treinamento hoje. Preciso ir a um lugar.

OI?!

Largo o pão em meu prato e me belisco para ver se não estou sonhando. Não estou.

MELHOR DIA!

— Que lugar? — indago, não conseguindo esconder minha felicidade.

— Há um velho amigo mora nessa cidade e eu preciso vê-lo.

CryokinesisOnde histórias criam vida. Descubra agora