Capítulo 4

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Quando acordei estava tudo embaçado, tentei abrir meus olhos de uma vez mas não consegui, pois a claridade estava quase me cegando. Aos poucos fui conseguindo, e quando olhei para o lado vi que minha mãe estava dormindo no sofá, foi quando eu me dei conta que estava em uma cama de hospital.

Eu tentei levantar me apoiando nas mãos mas senti uma dor terrível que me fez gemer um pouco, com o barulho minha mãe acabou acordando. Ela é uma mulher de 35 anos, alta e magra, tinha os cabelos curtos e morenos, e seus olhos eram castanhos, ela se chama Eloise. Pude perceber que minhas mãos estavam enfaixadas até o meu cotovelo. Minha mãe chegou perto de mim e perguntou preocupada:

-Jason você está bem?

-Sim, o que aconteceu? -perguntei frio.

-Você ficou dois dias internado aqui porque perdeu muito sangue -respondeu ela.

-Como me encontraram? -perguntei.

Assim que perguntei seus olhos lacrimejaram e estava difícil de acreditar naquele teatro mas enfim. Ela explicou que quando Lucy, nossa empregada chegou do mercado foi até o meu quarto e ouviu o chuveiro ligado e então pensou que eu estava no banho. Ela desceu para preparar o almoço e quando ficou pronto subiu para me avisar mas ao chegar no meu quarto, percebeu que eu estava no banheiro ainda. Lucy então pegou a chave reserva e ao abrir a porta me viu caído no chão do box, de cueca e coberto de sangue. Ela desesperadamente ligou para a emergência e me trouxeram para o hospital.

Se não fosse a empregada eu teria conseguido o que pretendia, sumir definitivamente desse mundo. Eu fiquei em silêncio, apenas escutando o que ela dizia. O que eu poderia dizer?: "Oh mãe eu peço desculpas pelo o que eu fiz!", não. Eu não iria me desculpar por uma coisa que queria e nem me arrepender por isso.

-Por que você fez isso? -perguntou.

-Sério mesmo que você não sabe? -rebati.

-Por que eu deveria saber? -perguntou com um olhar curioso.

-ESQUECE! -respondi quase gritando. -Me deixa sozinho por favor -pedi com um pouco mais de calma.

-Está bem meu filho, qualquer coisa eu estou lá fora -disse ela tentando me beijar mas eu virei o meu rosto.

Já conformada, ela foi embora e me deixou sozinho naquele quarto, apenas com meus pensamentos.

Depois de alguns minutos sozinho perdido em pensamentos, ouvi alguém entrando em meu quarto. Quando olhei avistei Daniel, com aquele sorriso no rosto e os olhos brilhando como o nascer do Sol. O que ele poderia estar fazendo ali?, Como será que ele ficou sabendo?. Com essas perguntas na cabeça acabei viajando para outro mundo e nem percebi a aproximação dele.

-Cara você me assustou sabia? -disse sorrindo. -Está tudo bem com você?

-Estou sim, mas como ficou sabendo que eu estava aqui? -perguntei.

-Simples, quando você saiu do meu carro aquele dia, deixou um dos seus chaveiros cair no chão. Acontece que só percebi quando já estava em casa, então fiz questão de voltar para te devolver -ele fez uma pausa por que estava falando muito rápido.

-Quando cheguei em sua casa tinha uma ambulância na frente, fiquei curioso e cheguei mais perto. Quando vi que era você que estava desacordado na maca fiquei desesperado em te ver todo cheio de sangue. Depois segui você até o hospital e aqui estou eu! -disse com um sorriso sem graça.

-Você esteve comigo todos esses dias? -perguntei sem acreditar.

-Claro que sim, você é meu amigo esqueceu? -disse ele.

-Isso é estranho mas, obrigado -disse com um meio sorriso.

-Isso sim foi estranho! -disse ele gargalhando.

-O quê? -perguntei sem entender o motivo da risada.

-Você dando um sorriso -respondeu rindo da minha cara.

-Idiota! -disse baixinho com um pouco de vergonha.

-Beleza, agora que você está bem e sorrindo, hahaha, vou ter que ir embora -disse ele se debruçando na cama para me dar um abraço bem forte. Na hora eu congelei de vergonha e disse:

-Ok, obrigado por ter ficado aqui comigo.

-De nada, é para isso que serve os amigos, e você está no topo da minha lista.

-Você tem uma lista? -perguntei.

-Não, acabei de criar uma -respondeu sorrindo e indo em direção à porta.

Anoiteceu rapidamente e minha mãe ficou comigo um bom tempo sem conversar. Acho que ela sabia que eu não estava a fim de papo e não forçou a barra. Ficava me perguntando as vezes, onde será que será que estava meu pai?, será que ele me odeia tanto ao ponto de não querer me ver nem em uma cama de hospital?.

Alguns minutos se passaram e um cara alto, aparentemente com uns 50 anos entrou no quarto. Era o Dr. Robert que chegou logo perguntando se eu estava me sentindo bem, eu apenas assenti. Dr. Robert ficou conversando com a minha mãe em particular e logo depois disse que me daria alta na manhã seguinte.

Acordei bem cedo com o Dr. Robert entrando em meu quarto e me dando alta. Ele disse que era para manter os braços enfaixados por até uma semana, até os cortes cicatrizarem. Dito isso, eu me vesti e voltei pra casa com a minha mãe. Desde o ocorrido não havia visto o meu pai ainda, e se ele estiver em casa vou continuar fazendo o joguinho dele, vou fingir que ele não existe também, e isso não será muito difícil pra mim.

Assim que cheguei em casa fui direto para o meu quarto e fiquei o resto do dia lá, apenas descendo para comer algo. Perdido em pensamentos aleatórios, acabei adormecendo.

Era uma noite fria e nublada. Eu estava sentado na areia de uma praia que eu obviamente desconhecia. Até aquele atual momento, eu estava sozinho olhando em direção ao mar e chorando, por qual motivo eu não sabia.

Foi quando eu senti a presença de alguém ao meu lado poucos minutos depois, era Daniel. Ele estava com um casaco vermelho e uma calça jeans rasgada na altura do joelho. Seu cabelo estava um pouco bagunçado devido ao vento forte. Ele olhou pra mim com um olhar sereno e disse com a voz calma:

-Jason, por que está chorando?

- E-eu não sei, apenas estou me sentindo sozinho -respondi com a voz trêmula e a cabeça baixa entre os joelhos.

-Você não está sozinho, eu estou aqui do seu lado -disse ele

Daniel chegou mais perto de mim, segurou a minha mão e disse as palavras que nunca pensei em ouvir:

-Jason olha pra mim -disse e eu levantei minha cabeça e olhei para aqueles lindos olhos azuis que agora estavam cheio de lágrimas.

-Eu te amo! -finalizou.

Dito isso, ele levou sua mão até a minha nuca e me puxou para mais perto fazendo com que nossos lábios se tocassem suavemente, tinha o gosto um pouco salgado por causa de nossas lágrimas que insistiam em cair. Foi então que eu acordei assustado naquela noite.

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Espero que estejam gostando do romance. Curtem, comentem e divulguem a história do Jason e Daniel. Beijos e até a próxima!.

O Emo Apaixonado (Romance Gay) [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora