-Daniel
Eu estava imóvel, não tinha como me defender. Charlie se levantou, colocou a mão no queixo e veio em minha direção.
-Até que a moçinha bate forte -falou ele cuspindo um pouco de sangue.
-Se você fosse homem de verdade brigava comigo sozinho e não chamava suas putas para te ajudar -falei e senti na hora meu estômago arder, um deles havia me acertado em cheio.
-Eu sou homem suficiente pra fazer isso -disse e me socou no rosto. Vou admitir que vi estrelas. Ele foi desferindo diversos socos na minha cara e na minha barriga.
Eu tentava de todas as formas me soltar mas não conseguia por que estava começando a ficar fraco. Quando ele finalmente cansou e me socou pela última vez, os caras me jogaram com força contra o chão. Eu não conseguia me mexer direito, e quando por fim Charlie chutou minha cabeça, tudo a minha volta escureceu.
-Jason
Eu fui pra sala de aula com a Alex sendo meu "guarda-costas". Ficamos conversando durante algum tempo, até que o professor chegou na sala e foi direto para o quadro. O assunto era: Bullying na sociedade.
-Ah que maravilha! -falei baixinho. Era só o que me faltava.
-Quem aqui já sofreu bullying? -perguntou o professor e ninguém respondeu. -Se ninguém falar vai ser menos 5 pontos na média -ameaçou ele.
-Eu já, quer dizer, estou sofrendo -levantei a mão e falei bem alto, coisa que nunca fiz. Alex me olhou confuso.
-Como assim? Explique-se -falou ele se apoiando na mesa e todos olharam pra mim.
-Eu sou gay, quer motivo melhor? -falei batendo a caneta na mesa.
-Entendo -falou o professor sem graça.
-Não, você não entende -falei e dei um sorrisinho debochado. Eu já estava com ódio daquilo tudo.
-Por que acha isso? -perguntou ele.
-A menos que você seja um, nunca vai entender -respondi.
-Desde que coloquei meus pés nesse colégio hoje, eu e meu namorado quase apanhamos, se isso não for do assunto que estamos tratando, peço então permissão pra sair, pois não sou obrigado a ouvir besteiras -falei. Foi nesse momento que senti falta de Daniel. Por que será que ele ainda não apareceu aqui?.
-Isso é sim um motivo, um daqueles bem fortes -falou o professor.
-Ele só está com raivinha porque foi pego em flagrante -falou um cara que senta em uma das cadeiras do centro da sala.
-Como assim? -quis saber ele.
-Tem um vídeo rolando por aí dele com o "namorado" na biblioteca -falou uma garota lá na frente. Agora estava perfeito, até o professor sabe disso e pra chegar na secretaria é um pulo.
-Você fez mesmo isso? -perguntou o professor me encarando.
-Fiz sim e daí? Várias pessoas ficam se pegando lá e ninguém fala nada, e quando é um casal "diferente" viramos notícia de jornal, primeira capa? -respondi revoltado. Alex estava sentado ao meu lado tão espantado quanto as outras pessoas, que sempre me viam calado e sem ação nenhuma.
-Eu não estou aqui para julgar ninguém mas você sabe que foi errado, não sabe? -falou ele.
-Um beijo? Tem gente que faz coisa pior naquele lugar e só a gente vai ser julgado? Isso é uma palhaçada mesmo! -levantei com raiva, peguei minha mochila e fui em direção a porta enquanto todos me olhavam.
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O Emo Apaixonado (Romance Gay) [CONCLUÍDO]
RomansaJason Blake é um adolescente emo, que não tem amigos, nem tão pouco ganha atenção dos pais. Porém, toda essa dor, exclusão social e angústia sofrida durante seus 17 anos começa a desaparecer quando ele acaba esbarrando em um par de olhos azuis de ti...