Capítulo 3

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Assim que acabaram as aulas ando em direção a saída de cabeça baixa como de costume e me assusto com alguém gritando o meu nome. Quando Daniel chega perto de mim ele me abraça e diz:

-Jason até que enfim eu te encontrei, você está bem? -pergunta ainda abraçado comigo.

Não consigo entender como ele consegue mexer tanto comigo, ainda mais quando faz isso, uma coisa que é normal de todos fazerem, sorri. Apenas o sorriso dele faz com que meu coração dispare.

-Estou sim -respondi sem graça.

-Eu estava preocupado, você saiu daquele jeito... mas fico feliz que esteja bem -disse ele.

-Você preocupado? ha ha ha ninguém liga pra mim -falei em um tom irônico.

-Por que você acha isso? eu me preocupo e muito com você -disse ele.

-Por que isso agora? -perguntei.

-Eu quero ser seu amigo e amigos se preocupam uns com os outros -disse se explicando.

-Que seja, estou indo embora -me virei e ele veio comigo.

-Hey você aceita uma carona? -perguntou andando ao meu lado.

-Não precisa eu vou a pé mesmo -respondi.

-Larga de ser chato, eu posso te levar não tem problema -disse ele me levando pelo braço até o seu carro.

Era incrível como ele tinha esse poder sobre mim, mesmo eu dizendo não, ele sempre me faz mudar de ideia. Eu sou um idiota mesmo.

-Me larga eu consigo ir sozinho -disse com raiva.

-Está bem, mas eu vou te levar em casa você querendo ou não -ele disse dando risada da situação.

-Certo -disse entrando em seu carro e colocando o capuz.

-Vamos me dá o seu endereço -disse ele com o braço estendido.

-Toma logo isso e vamos embora -disse lhe entregando o papel.

-Nossa, você precisa ser mais simpático sabia? -disse ele.

-Não quero e nem vou ser simpático com alguém que mal conheço -respondi.

-Olha desculpa, é que é difícil conversar com alguém que só te dá patada -disse ele meio cabisbaixo.

-Então por que insiste? -perguntei.

-Eu já te falei, quero ser seu amigo e te conhecer melhor, sei lá -disse rindo.

Não sei por que mas estava começando a ficar feliz com a insistência dele.

-Tudo bem... você conseguiu, agora me leva pra casa -disse e ele logo abriu aquele maravilhoso sorriso.

Assim, ele ligou o carro e seguimos em direção a minha casa. Não deu nem 15 minutos e já estávamos na frente dela. Eu estava saindo do carro em silêncio quando ele disse:

-Aos amigos dizem obrigado, sabia? -gritou ele de dentro do carro.

-Obrigado -respondi indo em direção à porta da minha casa. Quando olhei para atrás, dei um pequeno sorriso, coisa que eu não fazia sempre, ao vê-lo ir embora.

Assim que entrei em casa, não tinha ninguém como sempre, meus pais trabalhavam o dia todo. Nós temos uma empregada chamada Lucy, que pelo o que eu vejo saiu também. Então segui para o meu quarto no segundo andar e fechei a porta.
Tirei minha roupa e fiquei apenas com uma cueca box preta. Depois fui ao banheiro para preparar um banho quente, quando de repente eu a vi e as lembranças voltaram feito um raio.

Apesar do meu primeiro dia no colégio ter sido "razoável" pelo fato de ter conhecido Daniel, eu ainda carregava comigo a dor da rejeição que sofri durante anos. Como todos aqui já sabem eu sofria bullying e por causa disso tentei me matar várias vezes. Eu usava o método da mutilação, mas meus pais acabaram descobrindo e me obrigaram a ir à uma psicóloga. No começo até deu certo, porém a minha vontade de sumir falou mais alto.

Parei de ir às sessões e disse pra eles que não passaria a gilete novamente no meu pulso. Eles fingiram acreditar, então não me mandaram para a psicóloga novamente. Eu continuei é claro, mas somente com cortes superficiais, esse foi o único jeito que encontrei para que o meu sofrimento acabasse de vez. O que não aconteceu.

Então sem pensar direito, peguei a lâmina encima da pia e me sentei embaixo do chuveiro com água quente caindo sobre o meu corpo e comecei a me cortar. Assim que dei o primeiro corte, senti o sangue quente e vermelho escarlate descendo do meu pulso. Não sentia dor alguma com cada ferida que fazia. Fiquei ali com um misto de emoções e pensamentos durante 1 ou 2 horas, até que tudo começou a ficar escuro e eu definitivamente apaguei, e esperava que fosse pra sempre.

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Esse capítulo foi curtinho mas vou recompensar vcs no próximo. Curtem, comentem e divulguem. Beijos e até a próxima!

O Emo Apaixonado (Romance Gay) [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora