6. Desejo Perigoso

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Alguns dias foram se passando. A rotina escritório-casa foram se tornando cada vez mais constantes. Apesar disso não vi mais o filho do meu patrão. Por um lado eu ficava feliz mas por outro estava profundamente decepcionado.

Na sexta-feira o Sr Louis me pediu — mandou na verdade — para que eu ficasse até mais tarde para rever com ele processos pendentes, poderia dormir no quarto de hóspedes. Sem condições de negar, mandei um email pelo computador — já que eu ainda estava sem celular — para Anna avisando que não dormiria em casa e aceitei. Duas horas da manhã foi o horário que terminamos. O Sr Louis não se aguentava de sono então decidiu ir dormir. Me acompanhou por aquela enorme casa até o quarto onde eu dormiria. Na parte de cima da casa, o espaço parecia ser maior. Um corredor enorme com incontáveis portas. Entrei na penúltima porta no fim do corredor.

Sem nenhuma novidade, o quarto era maior que o meu apartamento. A cama ficava no centro e em volta inúmeros móveis como a escrivaninha, penteadeira. Haviam duas portas, com minha curiosidade infinita fui investigá-las. Uma era para o banheiro — uau — outra para o closet, ainda vazio — uau de novo — tudo exageradamente grande de novo. Se aquele era o quarto de hóspedes, imagina a suíte...
Tirei meu casaco e coloquei sobre a penteadeira. Não era acostumado a dormir com roupa, no máximo de cueca. Mas isso era na minha casa.

Mesmo com a cama mais confortável do mundo à minha disponibilidade, não conseguia dormir. Mil pensamentos em minha mente. Estava com cede, mas me limitava em ir à cozinha. Mas teve uma hora que não deu, e tive que ir. A casa era tomada por vidros, então a luz da lua que estava linda aquela noite iluminava a casa toda. Não tive dificuldades em andar por lá. O problema foi eu ter dado de cara com o Júnior na cozinha só de box branca.

— Aí meu Deus — gritei ao vê-lo naquela situação.

Ele levou um susto e deixou cair o que segurava na mão. O pote se espatifou no chão, tingindo tudo de vermelho.

— Olha o que você fez — disse ele levantando as mãos pra cima.

Eu virei as costas pra ele e pedi desculpas gaguejando. A vergonha era enorme.

— Nunca viu um cara de box antes? Pra ter essa reação eu acho que não — podia sentir a ironia em sua voz.

Eu queria confrontá-lo, mas a vergonha ainda gritava mais forte.

— Eu vou voltar para o quarto — disse caminhando em direção às escadas.

— Espera aí.

Ele veio até mim e me segurou pelos braços. Fechei os olhos, a tentação já era grande demais e ele me segurando assim...

— Você veio na cozinha por alguma razão, não se sinta incomodado por minha causa.

Abri os olhos e o encarei.

— Não estou incomodado pela sua presença — menti.

— Ah é? Pois não parece.

Me soltei de seus braços e voltei para a cozinha. Fui até o armário, peguei um copo, passei por cima da sujeira que ele tinha feito e fui até a geladeira.

— Olha, ele aprendeu onde fica os copos — zombou.

Fingi que não tinha escutado. Me encostei no balcão. Ele por alguns segundos desapareceu, achei que tinha ido dormir quando ele reapareceu com um pano. Foi até a sujeira e começou a limpar. Em nenhum momento com vergonha por estar de cueca na minha frente, eu sentia mais vergonha do que ele por meus pensamentos impuros.

— Então John Kennedy, está gostando do seu novo emprego? — ele passava o pano em círculos por cima da meleca vermelha.

— Sim - respondi, surpreso por ele ainda lembrar meu nome — é um pouco cansativo mas dá pra aguentar.

Ele deu uma risada.

— O que foi?

— Nada, nada. — respondeu ele — é que todos que entram aqui dizem a mesma coisa, umas semanas depois pedem demissão — ele leva o pano até a pia e lava, depois volta a esfregá-lo no chão novamente, todos seus músculos parecem ainda mais definidos em ação — meu pai é difícil de lidar, na maioria das vezes.

— Não achei.

— Provavelmente ele está tão atolado em pedidos e processos que não teve tempo de infernizar sua vida.

— Nossa — foi tudo que consegui dizer.

— Não estou brincando, John. É a verdade — ele volta a lavar o pano.

Caminho em sua direção até a pia, deixo o copo lá e falo baixinho "É o que veremos". Depois subo as escadas e vou para o quarto de hóspedes.

Não sei se o que o Júnior falou é verdade ou apenas uma brincadeira de mal gosto, é a segunda vez que ele me alerta sobre seu pai. Talvez o Sr Louis pareça ser mais rígido com ele, afinal, pais são assim com os filhos. Seja o que for, descobrirei nas próximas semanas. Algo nos olhos dele me dizem que é verdade e que assim que o Sr Louis folgar de todos os problemas, minha vida se tornará um inferno.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora