Ainda estou pensando no que Júnior havia falado. O quanto ele ficou abalado.
Eu sei, deveria deixar Júnior e toda a família Louis para lá. Só que esse era o problema, sempre tinha algo que me puxava de volta para essa família. Como uma força, uma energia invisível.
Havia pairado sobre a família Louis uma nuvem de estranheza já faziam uns meses. Eu não dei muita bola no começo porque estava magoado demais com Júnior para dar importância. Só que agora era diferente. Eu estava ágil, observador. Meu patrão estava mais frio, mais intolerante. E não era por causa das notícias. Havia algo mais.
Mas o que seria? Eu precisava descobrir.
Algo dentro de mim se moveu. Me alertou.
Não faça isso, disse.
Eu preciso, respondi em pensamento.
Estava cansado de não entender nada, pois eu me sentia assim. Um tolo perdido diante de um problema sem reconhece-lo.
No outro dia, Júnior não apareceu. Eu queria confrontá-lo. Dessa vez da maneira correta, sem aquele sentimentalismo, sem drama. Eu estava convicto que conseguiria arrancar a verdade dele.
Então vi Carla. Outra que andava estranha demais. Ela estava nisso eu poderia apostar.
Caminhei até ela no balcão de atendimento.
— Tem um minuto?
Em silêncio, caminhamos para um lugar mais reservado longe das colegas dela.
— O que está acontecendo? — eu mal esperei ela abrir a boca.
Carla não sabia o que dizer. Estava sem reação. Provavelmente não esperava que eu a confrontasse.
— Não entendi — sua expressão mudou, estava sombria. Não de um jeito ameaçador, mas de uma maneira que era como se ela tivesse com medo. Não sei porque, mas eu também senti medo.
— Não minta pra mim. Pois eu sei que vocês estão me escondendo algo.
A loira começou a ficar inquieta. Olhava para os lados como se tivesse procurando alguém. Seu olhar parava em todos os lugares, menos em meu rosto. Bingo.
— Eu vou descobrir — aquilo pareceu mais uma ameaça do que um alerta.
Então me distanciei dela.
— John — ela me chamou de volta.
Me virei e parei, esperando. Carla deu longos passos até mim. Parecia estar decidindo se me contava ou não. Então seu olhar se encheu de um brilho perturbador.
— Por favor. Não faça isso — Carla, a garota que tornou minha vida um inferno, minha inimiga, implorando pra mim?
Esperei ela continuar:
— Para o seu bem, peça demissão e fuja daqui.
Aquilo foi uma surpresa. Realmente havia um tom de preocupação em seu rosto. Não era um aviso tipo "saia daqui para abrir caminho pra mim". Não havia mais aquela hostilidade e ganancia em seu tom, apenas, um alerta repetitivo.
Todos os meus sentidos ficaram aguçados. Eu estava certo. Havia realmente algo de errado.
Eu não disse nada, apenas me afastei dela. Queria fugir daquele olhar sombrio. O mesmo olhar sombrio que encontrei em Júnior em tantas ocasiões. Sombras nas quais nunca tinha parado pra perguntar o que significavam. Agora eu necessitava saber.
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O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)
RomanceMe chamo John Kennedy e tudo começou quando conheci o filho do meu novo patrão. Alto, forte e muito bonito, Júnior despertou em mim os mais obscuros desejos. Agora esconder essa forte atração que sinto do meu patrão religioso e chato enquanto tenho...