42. Carla Findy Part. 2

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Estou de volta ao meu apartamento, finalmente livre do vestido. Meu celular vibra incansavelmente em cima da mesinha de vidro diante de mim. Ele não para. Ele. Não. Para.

Me lanço sobre o aparelho e o desligo.

Hoje não.

Por favor, Sr. Louis, me deixe em paz.

As lágrimas voltam e ardem meus olhos.

Dessa vez não há mãos do universo para me consolarem, nem olhinhos fofos de preocupação.

Daniel.

Oh, querido, como te magoei. Eu sinto tanto...

Sou levada às lembranças do passado novamente.

Depois daquela noite completamente caótica, tive que voltar à boate. Não no dia seguinte, porque isso iria dar a entender que sou problemática. Entenda: na sociedade onde vivemos, garotas como eu, para se darem bem, não podem ser problemáticas.

Ali mudou algo em mim. Não, não ali. No momento em que nossos olhos se encontraram, no banheiro naquela noite, algo dentro de mim acordou. Eu não era mais aquela Carla. A nova estava nascendo, aos poucos, como num parto longo. A primeira coisa que a nova Carla fez e que, em uma probabilidade quase cem por cento a antiga não faria, seria voltar ao mesmo local. Eu precisava agradecer àquele desconhecido — primeiro porque fui uma completa babaca, o que não era novidade pra falar a verdade, praticamente roubei a garrafa de suas mãos e tive um romance afetivo-íntimo com ela. Depois despejei esse amor todo, incluindo minha janta e — Deus, eu ainda estava em dúvida se era minha salada — provável almoço.

Cheguei cedo, afim de encontrá-lo rápido e terminar com aquilo o mais rápido possível, mas a decepção veio assim que avistei outro cara servindo bebidas. Me aproximei do balcão e chamei o rapaz:

— Com licença, você sabe se o... — foi naquele momento em que eu havia descoberto que o desconhecido era chamado assim porque não sabia seu nome, então comecei a dar pistas — um rapaz magro, do meu tamanho, ér... nariz protuberante — eu me senti horrível nessa parte, e o carinha que havia erguido a sobrancelha nesse momento parecia que queria rir — simpático? — soou mais como uma pergunta do que uma característica, afinal, quem eu queria enganar?

Os olhos do rapaz se iluminaram, como se ele tivesse conseguido assimilar as informações falhas que eu havia dado e iria me falar o nome do rapaz, finalmente, mas tudo que ele disse foi:

— Oh, você é a garota do vômito!!!

Murchei como uma flor no sol de meio-dia. Ele estava naquele dia? Espere um momento.... esse é o rapaz? Eu não me lembrava dele desse jeito....

O cara que não aparentava ter mais de 20 anos estendeu a mão:

— Prazer, sou Vinícius — disse mostrando uma fileira de dentes perfeitamente alinhados, sério, qual é o problema desses barman's com seus dentes incrivelmente perfeitos? Tinha que ser alguma exigência mínima para o emprego?

— Oi, Vinícius — disse, mais desanimada, o garoto me tinha visto em uma péssima situação assim como todos naquela noite. Quase fiquei tímida. Droga, maldita Nova Carla.

— Ele está aí?

— Ele está há um bom tempo aqui — diz o garoto sorrindo, aparentando agora ser ainda mais novo.

Não entendo o seu sorriso, até acompanhar o olhar dele sobre meus ombros, atrás de mim.

O rapaz, vestido em seu habitual uniforme — até que ficava ajeitadinho — estava me olhando com sua habitual sobrancelha grossa erguida, desconfiado.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora