22. Cuidado

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Eu até me sinto bem. Fora a dor durante algumas fisioterapias — quebrei o fêmur, o repouso absoluto durante esses dois meses fez com que os músculos da minha perna perdessem a força.

Resultado: mais alguns meses de fisioterapia cinco vezes por semana — a melhor parte disso tudo é que já consigo andar, com muletas mas já consigo. Outra boa notícia é que aparentemente não perdi meu emprego, recebi um e-mail do meu patrão de manhã o mais formal possível me perguntando quando voltaria. Eu já sabia a resposta, mas demorei quase um dia pra responder. Não sei exatamente porque, eu realmente iria querer voltar a trabalhar com o pai do meu namorado? Por fim avisei que voltaria em duas semanas mas com algumas limitações ainda, pelo que conheço do Sr. Louis, ele não deve ter gostado muito daquele "limitações" no final do e-mail.

— Você está cada dia melhor — Júnior entrou no meu quarto segurando uma caixa, isso me fez voltar ao tempo, mais exatamente ao dia em que ele me deu o iPhone de presente depois de ter quebrado o meu celular no dia em que nos conhecemos.

— Posso saber o que é isso? — perguntei, insinuando para a caixa em sua mão.

— Isso? Nada demais — ele estendeu a caixa pra mim e eu a peguei.

Dentro da caixa havia uma pulseira. Era pequena, folheada a ouro com dois pingentes em forma de "J".

— Sempre estaremos juntos — complementou ele.

Júnior me ajudou a colocar a pulseira. Eu estava encantado.

— Obrigado. Ela é realmente linda.

Ele sorriu gentilmente pra mim. Seu olhar continha algo a mais que não havia percebido antes.

— O que foi? — perguntei.

— Bom — ele se endireitou, fazendo seu corpo musculoso ficar ainda maior, me fazendo ficar ainda mais minúsculo — com base no seu retrato falado dos bandidos que te agrediram, a polícia encontrou pistas.

Meu estômago se encheu de algo parecido com pânico e alívio ao mesmo tempo. Logo depois que eu decidi registrar B.O. sobre a agressão que sofri, Júnior e Anna não perderam tempo e logo chamaram a polícia que lá mesmo no hospital fez o retrato falado dos desgraçados. Confesso que tentar lembrar das feições daqueles monstros foi doloroso e eu não achei que resolveria muita coisa a não ser me provocar dor ao relembrar tudo. Afinal de contas, estava escuro demais aquela noite e as informações que eu passei não eram 100%.

— Isso quer dizer — completou Júnior — que a polícia está cada vez mais perto de achá-los.

— Isso quer dizer — completei — que caso achem os suspeitos, eu terei que fazer uma acareação.

Júnior segurou meu braço e assentiu, sussurrou um "sinto muito" como se a culpa fosse dele. Em parte era e não era ao mesmo tempo. Mas eu sabia que ele estava fazendo aquilo pensando o melhor pra mim. Se for pra enfrentar meus agressores para poder virar essa página de uma vez por todas, então eu enfrentarei.

— Está tudo bem.

— Tem certeza que está tudo bem — seu olhar verde me investigou insistentemente.

— Não. Mas ficarei bem.



Os dias pareciam anos e as semanas, séculos. Lentamente e continuamente fui me recuperando ainda mais. Até parecia que o tempo não quisesse que eu ficasse bem.

Eu já podia me locomover de muletas, o que não era um grande avanço assim levando em consideração que eu mais atrapalhava os outros do que era independente, com as minhas pernas eu já era desengonçado, imagina usando muletas. Mais alguns dias e os curativos foram tirados e as seções de fisioterapia reforçadas para que eu adquirisse a força muscular que perdi no tempo em que fiquei acamado.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora