18. Redenção

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Naquele momento ele continha mistério e surpresa no olhar esmeralda. Sua boca abriu mas nenhum som saiu dela.

Depois de um tempo em colapso, ele finalmente disse:

— Repete — ordenou. Quase não se dava para perceber a delicadeza em seu tom de voz, mas estava lá. Júnior não queria ser rude apesar de estar parecendo. Só não acreditava que eu conseguisse dizer aquilo no qual ele sempre quis.

— Eu te amo — disse quase na mesma hora, sem arrependimentos de ter dito uma vez, tampouco agora. As palavras pareciam mais fáceis de serem pronunciadas na segunda vez apesar do peso do significado continuar sendo o mesmo.

Ele continuou parado. Na mesma hora em que fiquei com receio de não ter sido o suficiente, fiquei também com medo dele estar passando mal e eu ainda não ter notado.

— Por favor, fale alguma coisa. Está me assustando.

Nada. Nenhuma reação à não ser a estátua endeusada em minha frente. Comecei a chorar, entrando em desespero. Eu tinha perdido Júnior Louis para sempre.

— Não chore — sussurrou ele, depois deu alguns passos em minha direção ficando a centímetros de distância.

Engoli o choro. Seu cheiro doce e forte me acalmou. Sua testa encostou na minha e nossos olhos se fecharam quase no mesmo instante.

— Nunca mais — seu tom era de ameaça e súplica ao mesmo tempo — nunca  mais minta pra mim.

— Nunca mais — repeti suas palavras como uma promessa.

Seus dedos tocaram minhas bochechas ainda úmidas pelas lágrimas. Sua boca tocou a minha em forma de um delicado beijo.

Tudo que eu consegui pensar naquele momento é que não tinha perdido Júnior, meu Júnior. Só meu. Eu neguei com todas as minhas forças meus sentimentos por ele. Mas agora que havia dito em voz alta e clara, não tinha mais problemas de pensar dessa forma. Ele era só meu e eu dele. Simples assim. Como dois mais dois são quatro. Uma matemática certa em uma equação errada.

Dormi em seu AP. Depois de um dia horrível, finalmente uma noite agradável. Pode até parecer clichê, mas as noites com ele eram maravilhosas. Não pelo sexo — apesar de que as noites sempre eram  quentes — mas por apenas estar ao seu lado tudo mudava. Agora eu sabia e poderia dizer o porque de me sentir assim perto dele. Eu o amava.

Eu poderia ter ficado mais tempo deitado na cama, já que hoje eu chegaria mais tarde na casa do meu patrão que também era a casa do meu... Namorado? Ficante? Caso pouco resolvido? Que dúvida!!! Mas preferi passar na minha casa primeiro.

Eu mal tinha notado que havia feito barulho quando senti as mãos de Júnior envolvendo meu pulso.

— Onde está indo? — sua voz sonolenta e dengosa me trouxe um desejo louco de beijá-lo, mas me segurei.

— Preciso passar em casa para trocar de roupa. Não posso aparecer no trabalho com a mesma roupa.

Ele deu um sorriso, seus olhos estavam fechados e a metade do rosto afundado no travesseiro.

— O que foi?

— Nada — ele suspirou fundo — apenas estava pensando em algumas coisas.

— No que? — quis saber.

Ele virou o rosto e abriu os olhos, o quarto estava com pouca luminosidade mas eu pude ver seu rosto perfeitamente.

— Estava pensando que... Já está na hora do meu namorado trazer algumas roupas para cá.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora