24. Eu Não Te Amo

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John Kennedy

Eu simplesmente não conseguia me concentrar! De um em um minuto olhava o celular, como se ele fosse tocar apenas quando eu estivesse olhando pra ele. Existe uma explicação pra isso, mais exatamente uma pessoa... Fazia mais de 24 horas que Júnior não dava sinal de vida. Combinamos de nos ver no sábado a noite e ele não apareceu. Não responde as minhas mensagens e quando ligo cai na caixa postal. Hoje é segunda e ainda não o vi no escritório. Isso é estranho. Mais que estranho, é doloroso pra mim ficar sem conversar com meu namorado. Criei um vício e agora estava em abstinência de Júnior Louis.

Meu patrão entra na sala e me fita, olhando de cima em baixo. Começo a procurar desesperadamente o que tem de errado comigo. É minha roupa? É o modo como me sento (afeminado demais)? Ah, eu estava tão cansado daquilo. Ter que fingir ser alguém que não sou perto do meu patrão.

Porque na verdade não sou apenas um de seus empregados Sr. Louis, sou seu genro.

Ele não fala nada, apenas me enche com mais e mais papeladas para que eu possa organizar. Depois, em poucas palavras me pede para pegar um documento em outro departamento do escritório. Uma missão normalmente dada a Carla, mas aquela ali também não apareceu.

Meu coração dói ao pensar em algumas possibilidades, mas eu sei que é apenas fruto da minha mente. Júnior nunca seria capaz de me magoar, certo? Não passamos por tudo aquilo juntos para no final me trair com nosso inimigo. Não é mesmo?

Eu quero perguntar para meu patrão onde seu filho está, mas pelo jeito, o Sr. Louis não está nos melhores dias. Melhor não arriscar.

Mas meu coração insiste em querer perguntar para meu patrão onde seu filho está, porém, minha mente acusa que não é uma boa ideia.

Eu passei por um longo período amordaçando meu coração e negando alguns sentimentos. Era hora de dar uma chance à ele e esquecer a lógica — apesar de já ter abandonado a lógica há muito tempo, afinal, quem consegue ser sensato depois de todas aquelas loucuras cometidas com o filho do meu patrão?

— Sr Louis?

— Hum? — seus olhos estavam ocupados demais no computador. Isso tornou mais fácil a pergunta que eu estava prestes a fazer.

— Seu filho não apareceu hoje, aconteceu alguma coisa?

Então seus olhos focam em mim, curioso.

— Pergunto eu se aconteceu alguma coisa — diz ele em um tom intrigado — desde quando se interessa pela carga horária de trabalho do meu filho?

Desde quando comecei a transar com ele bem aí nessa mesa patrãozinho, penso. Mordo a língua como uma forma de auto-repreensão.

Estamos em uma zona de perigo, avisa minha mente. Preciso reverter rapidamente, então digo a primeira coisa que me vem na cabeça:

— É que eu sempre o vejo por aqui. Mas o senhor tem razão, não é da minha conta.

— Está se envolvendo em coisas que não lhe diz respeito, Sr Kennedy — aquilo soou mais como uma ameaça do que como um aviso.

Pedi desculpas mais uma vez e me retirei da sala, arrependido de ter escutado meu coração bobo e inconsequente. Esperar Júnior dar algum sinal de vida mesmo que esse sinal demorasse dias pareceu o mais correto a se fazer depois da dura que meu patrão me deu.

Fiquei mais tranquilo, pois agora tinha a completa convicção de que o Sr Louis sabia onde Júnior estava, e se ele sabia, meu namorado estava seguro.

Senti o dia fluindo mais depois que tirei quase toda a inquietação da cabeça. Ainda estava preocupado, mas nada comparado ao quase pânico que estava passando há algumas horas atrás.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora