9. Doce Vingança

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Quinze minutos depois Júnior apareceu para me pegar no lugar marcado. Ao invés da roupa social que usava a cerca de uma hora atrás, agora vestia uma calça jeans rasgada e uma camisa verde que combinava com seus olhos. Aquele visual bad boy combinou perfeitamente com sua moto, uma Kawasaki. Meus olhos brilharam quando o vi, e a cada passo que dava para me aproximar dele, era uma martelada ainda mais forte em meu coração.

Ele mandou eu subir na moto e como um fiel empregado da família Louis, obedeci sem contestar.

— Posso saber pra onde você está me levando? — perguntei, mais aflito do que curioso.

— É surpresa — disse ele e depois disparou a toda velocidade pelas ruas da grande Fortaleza.

Nos últimos minutos ou horas senti tanta coisa. Agora era a vez da adrenalina, não hesitei em segurar firme sua cintura. A essa altura, estava pouco me lixando se Júnior era gay ou não e se eu estava ultrapassando algum limite bobo. Até porque, cada gesto meu era uma forma de vingança contra o desgraçado do meu patrão. Cada mão boba colocada indevidamente e maliciosamente no corpo do filho dele, um tipo de vingança que eu decidi fazer em protesto à todas as merdas ditas naquela maldita sala pra mim e por isso nada mais importava. Não hoje.

Fiquei surpreso quando fomos para um bairro mais classe C e D. Ele parou na frente de um prédio e falou com o porteiro. Fiquei surpreso que naquele lugar existia um porteiro. E ainda mais perplexo quando finalmente chegamos no apartamento, um local totalmente diferente do que eu tinha em mente. Não esperava um lugar cinco estrelas, mas aquele apartamento de classe baixa não fazia nem um pouco o estilo dele.

Assim que entramos ele fechou a porta. Caminhei pelo apartamento de braços cruzados. Observando atentamente cada detalhe, de algum modo tentava achar alguma coisa em comum com a enorme mansão que ele chamava de lar. Eu sei que era besteira.

O peguei me observando, os olhos tinham a mesma intensidade de brilho que eu vi de manhã. Diferente do seu pai, Júnior possuía várias emoções. Eu o conseguia ler nesse momento como um livro aberto.

— Que lugar é esse? — finalmente perguntei, assim que notei que ele não falaria nada.

Meu apartamento.

Levantei as sombrancelhas, desconfiado. Ele sorriu com meu gesto.

— Ao deduzir a fortuna que seu querido pai tem, não acho que isso seja verdade.

— Exato. Fortuna do meu pai, e não minha. Eu disse que o apartamento é meu, somente meu. Comprei com meu dinheiro.

Que dinheiro?, pensei.

Lendo meus pensamentos, respondeu:

— Eu costumava cantar em uma banda. Não éramos os melhores mas deu um bom rendimento. Esse é o meu refúgio, quando estou cansado do meu pai e de todos venho pra cá.

Quase perguntei se poderia ser o meu refúgio também, mas como ele não estava por dentro de nem metade da história, soaria como se eu estivesse me jogando pra cima dele.

Eu sei, eu sei. Estou ali para me jogar pra cima dele. Mas tenho que fazer isso aos poucos... Afinal, me resta ainda um pouco de dignidade.

— Me parece uma boa idéia. Acho que vou precisar de uma dessas, principalmente pra usar quando seu pai me estressar.

— Então vai ter que ser bem perto do seu trabalho, pois vai utilizar muito.

Nós dois rimos. O clima de tensão tinha terminado. Agora olhávamos um pro outro com os rostos sérios. Foi Júnior a tomar a primeira atitude de se aproximar. Quando chegou a mais ou menos um metro, parou. Fiquei desapontado por tê-lo tão perto mas ao mesmo tempo tão longe.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora