— Qual é? Filmes de ficção dão de dez a zero em romances bobos e alienados! — dizia o garoto do outro lado da sala. Ele tinha uma pele morena, suavemente oleosa devido ao nervosismo, um primeiro encontro de minha querida amiga Anna depois de muito tempo desde seu último namorado. Eu estava feliz por ela, só não estava contente em ter aquele papo. Estávamos a mais de meia hora brigando por qual gênero de filme assistiríamos. Para a surpresa de todos presentes na sala, Anna o deixou escolher. Talvez por educação ou estava cansada de escolher tudo sozinha, o que ela não esperava é que ele aceitaria e com o conduzir da conversa ele soltaria essa maravilhosa frase, o que era suicídio se falado perto de minha melhor amiga. Ela adorava romances.
— Como é que é? — o clima ficou estranho, como se uma nuvem nublada tivesse pairado sobre a sala.
O garoto começou a suar ainda mais, e nesse momento eu tive dó dele. Um silencio desconcertante permaneceu no local, até eu ter a brilhante ideia de começar a comer a pipoca que estava segurando no meu colo.
A conexão dos dois que a minutos antes estava radiante pareceu se perder, enfraquecendo o magnetismo para o mais novo ex casal. Péssimo sinal.
Relacionamentos são complicados. Eu sabia disso, Anna também e tenho certeza que se o garoto não soubesse, a partir daquele momento ele teria descoberto. Eu tentava não pensar sobre isso, eu estava vivendo um dia de cada vez. Isso me fez se sentir melhor nos dois últimos meses desde a notícia bombástica do casamento de Júnior Louis com Carla Findy, digno até de uma coluna no jornal de Fortaleza.
Mas eu estava bem. Sobrevivendo.
No fim, eu é que tive que escolher a porcaria do filme, encerrando o degradante encontro de Anna com um filme de terror. Os dois nem sequer sentaram um do lado do outro.
— Você deveria ligar para o Carlos. Merecem pelo menos uma última conversa — disse assim que ela passou por mim após levar o garoto até a porta e dizer adeus para sempre.
— Já tivemos essa última conversa — gritou ela da cozinha, mesmo não sendo realmente necessário, afinal de contas, nosso apartamento era um minúsculo cômodo levemente ajeitado.
— Por mensagem não vale — retruquei.
Conhecendo minha melhor amiga como ninguém mais a conhecia, eu sei que nesse exato momento ela revirou os olhos.
— O Carlos Eduardo é passado para mim — disse ela voltando a sala, colocando o filme romântico mais clichê do mundo, Titanic, e sentando no sofá — assim como Júnior é pra você.
Não havia um tabu quando o assunto era dizer o nome dele em voz alta, mas sempre foi evitado ao máximo desde que todo aquele inferno começou. Anna percebeu a burrada que tinha feito ao me fitar e fazer aquela feição "fiz merda de novo" toda vez que diz algo que não deveria.
— Me desculpe — em seu tom de voz realmente havia arrependimento.
Sorri desconsertadamente para ela:
— Está tudo bem — digo à ela, me levantando para pegar mais pipoca antes de começar o filme — como você mesma disse, Júnior é passado — digo enquanto adiciono manteiga na pipoca e mando pra dentro.
Eu realmente estou bem? Eu realmente estou bem.
Nem acreditei quando Carla disse que havia conseguido tirar férias praticamente na mesma data que eu havia conseguido as minhas. Sim, haviam se passado um ano desde que eu comecei a trabalhar no escritório do Sr. Louis. Um ano desde que o conheci. Um ano desde que minha vida virou uma tremenda bagunça.
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O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)
RomansaMe chamo John Kennedy e tudo começou quando conheci o filho do meu novo patrão. Alto, forte e muito bonito, Júnior despertou em mim os mais obscuros desejos. Agora esconder essa forte atração que sinto do meu patrão religioso e chato enquanto tenho...