32. Bem-vindos a Porra do meu Noivado, Viados

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Por Júnior

O lugar estava lotado. Terrivelmente lotado. Se alguém pudesse medir meu ódio agora, iria se surpreender com o resultado.

Pessoas sorriam pra mim, me fazendo ter ainda mais ódio. Eu não conseguia manter o disfarce. Eu não conseguia me manter. John, é tudo pelo meu grande amor. Agradeço por ele não estar aqui. Pelo menos isso, pois seria tudo mil vezes pior com John em minha própria festa de noivado. Respiro fundo, mas isso só piora as coisas.

Eu quase quebro a taça que estou segurando na mão. Imagino se a dor vai me acalmar. Ultimamente é a única coisa na qual me faz aguentar tudo que estou passando. As mãos e os pulsos com as cicatrizes são a prova disso. De propósito as deixo expostas. Não posso abrir a boca, mas de alguma maneira posso deixar um sinal para que alguém veja. Pequenas coisas que incomodam o poderoso Sr. Louis. Pequenas coisas que ainda posso dar o desfrute de fazer, afinal, eu sei que ele não colocaria tudo a perder por causa disso.

Mais uma pessoa me cumprimenta, trazido pelo demônio do meu pai. Ele sorri enquanto apresenta seu escravo, quer dizer, seu filho. Como ele consegue manter a frieza? Eu quero matar ele ali mesmo, mas apenas estendo a mão para cumprimentar sabe-se-lá-quem. Eu não olho para a cara do sujeito, nem escuto o que falam. Acho que o convidado nota porque o embuste vem falar comigo minutos depois.

— Será que dá para pelo menos tirar essa cara de estrume? Os convidados estão percebendo —  ele sussurra.

— Não posso fazer nada — digo em um tom seco, quase gritando. O som está irritavelmente baixo e torço para os convidados ouvirem — essa cara é de família — digo isso e bebo o resto do champanhe que está em minha taça. Tem gosto de fel.

Minha vontade é de jogar a taça na cara dele.

— Poderia pelo menos ter tampado isso — diz ele se referindo às cicatrizes no pulso e mão.

— Você sabe que o eu puder pra te incomodar eu farei — olho diretamente pra ele, seu rosto me dá nojo, como tudo nele — você não iria por tudo a perder por causa disso.

Talvez eu tenha sorrido, ou na melhor das situações, grunhido para ele.

— Parabéns filho. Está cada dia ainda mais parecido comigo. Estou orgulhoso.

Sorte que minha mãe chegou, se não eu juro por Deus que teria dado um murro naquele cretino.

Minha mãe me abraça. Ultimamente ela é uma das poucas pessoas que não sinto ódio ou que não me deixa nervoso. Por leves segundos encontro refúgio nos braços dela. Eu tenho vontade de voltar a ser criança, quando tudo era mais simples e descomplicado. Ela nota que eu não quero soltá–la. Quero meu refúgio por mais alguns segundos.

Rezo para que em um passe de mágica ela me salve de tudo aquilo como ela sempre fez quando eu era pequeno e estava em apuros. Quero que ela me salve do monstro que meu pai se tornou.

— Está tudo bem? — ela sussurra em meu ouvido, ainda abraçada a mim.

Apenas balanço a cabeça. Sinto que não consigo mais mentir em voz alta. Estou tão cansado.

— Você cresceu, mas continua um péssimo mentiroso — ela se afasta para olhar diretamente pra mim.

Seus olhos castanhos caramelizados me observam profundamente. Eu nunca fui de chorar em frente aos meus pais. Principalmente do meu pai, pois ele sempre dizia que homem de verdade não chorava. Em frente a minha mãe, só chorei uma vez. Hoje poderá ser a segunda. Eu quero e não quero ao mesmo tempo. Envolvê–la nisso tudo não seria prudente. Não seria justo. Não que eu tivesse preocupado que ela se juntasse ao seu marido psicopata. Se eu falasse toda a merda pra minha mãe, ela simplesmente não iria acreditar. Em sua cabeça, o Sr. Louis era um homem temente a Deus e generoso. Rígido as vezes porque era preciso. Mas um monstro psicopata ela nunca acreditaria.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora