John Kennedy (Small Chapter)

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Caminho em um infinito campo de flores. E quando digo infinito, a palavra é literal. Não há um começo e nem fim. O cheiro, de lavanda e tulipas perfumavam o ar. De longe a vejo, cabelos longos e ondulados. É difícil me lembrar quando a vi assim, de cabelos soltos.

A mulher se virou para trás e em um longo e grande sorriso veio até mim. Suas feições delicadas, seu olhar sonhador caminhando em meio as flores. Era difícil assimilar tudo aquilo à minha mãe. Mary Kennedy odiava flores e nunca sorria.

— Eu estava te esperando.

Seus braços me envolvem, e eu me derreto naquele momento. Sentir seu cheiro, seu calor mais uma vez era tudo que eu queria. Eu morri, tenho certeza, e o paraíso é a mãe que nunca tive, mas que deveria ter tido. Não quero soltá-la. Nunca mais.

— Hey...está tudo bem. Estou aqui agora — diz ela, me consolando porque tudo que sei fazer nessa droga de vida e após é chorar e chorar...

— Senti tantas saudades suas mamãe...

— Eu sei querido... — sua voz me traz outro impacto. Mary Kennedy que eu conheci não falava assim, de um jeito suave e confortante. Mas que se dane, eu amava aquela Mary ali, e não a deixaria por nada nesse mundo — você passou por tantas coisas....

Seco o nariz e concordo, como uma criancinha diante dela.

— Eu morri, não foi? Pode falar, eu não ligo... Se for pra ficar com você eu...

Ela me olha um pouco mais séria, espera e depois pergunta:

— Você quer morrer?

E temos escolha?, quero perguntar, mas paro para pensar.

Começo a me lembrar de todas as coisas ruins que me aconteceram.

— Não vale a pena viver nesse mundo. Há muita dor, há muito ódio. Estou tão cansado...

— Você acabou de me dizer as coisas ruins. Faltou colocar na balança as coisas boas querido...

— Anna. Minha melhor amiga foi uma das melhores coisas que me aconteceram.

Solto um riso ao lembrar dela. Para aquela garota não existe tempo ruim. Ter vivido uma vida inteira sem ela teria sido assustadoramente entediante. Minha família, e digo isso me referindo a Tio Sam e Evan. Sei que posso contar com eles a qualquer momento. Me sinto seguro, protegido perto deles. O mundo não é tão ruim com eles por perto...

— Não está esquecendo de ninguém... — pergunta mamãe, lendo meus pensamentos.

— Júnior — sussurro, pois tenho medo de que fale em voz alta e me fragmente em um milhão de pedacinhos. Porque é assim que ele faz eu me sentir. Uma bomba ambulante prestes a explodir a qualquer momento. Tivemos tantos momentos bons juntos e eu... — eu o amo.

Ela sorri, como se eu finalmente tivesse encontrado a resposta. E eu tinha.

— Eu não quero morrer — digo, com o coração do tamanho de uma azeitona — mas não quero te deixar outra vez.

Minha mãe acaricia meu rosto e cabelos. Ela chora um pouco, talvez porque também não queira que eu vá.

— Você nunca me deixou. Sempre estive aqui — sua mão vai até meu coração, o toque faz eu receber uma descarga. Me afasto com tamanha dor. Eu sei o que está acontecendo.

Mais uma descarga.

Eu corro e a abraço forte. A seguro em meus braços o quanto posso. O quanto consigo.

Mais outro choque.

— Eu te amo, mamãe.

— Eu também te amo filho. Tenha uma vida longa. Não tenha medo de amar. Me desculpe por não te entender. Mas saiba que agora eu sei, e entendo.

Outro choque e sou puxado, esticado e mergulhado em algo. Outra escuridão forte. 

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora