10. Colega De Trabalho

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Acordei sem saber direito que horas eram e onde estava. Aí lembrei do Júnior... Ou teria sido apenas um sonho? Olhei em volta, não reconheci aquele quarto como meu, a cortina branca, os móveis pequenos e cinzas, a prateleira de livros... Não foi um sonho!

Antes que eu pudesse sorrir de felicidade, lembrei do real motivo para eu ter feito tudo aquilo. Um aperto no coração de culpa e vergonha fizeram a repentina felicidade se transformar em angústia. Ele não estava ali. Pela janela se via o sol nascendo. Eu dormi quanto tempo? Dependia de quantas horas passei transando...

Procuro minhas roupas jogadas no chão, mas elas estão dobradas — mal dobradas, por sinal — na cômoda com meu celular por cima. Ainda estou despido, e apesar de estar só no quarto sinto uma vergonha tremenda.

Após vestir minhas roupas e olhar as horas — são quase seis da manhã — saio do quarto à procura de Júnior. Ele não está em parte alguma do apartamento, e vai por mim, eu procurei cada centímetro o que não foi muito difícil. Mas na cozinha há um bilhete colado na porta da geladeira, o recado é pra mim:

Tem comida na geladeira, se sinta em casa. Tive que sair cedo, papai (seu patrão) me pediu pra ir mais cedo ao escritório. Se não se incomodar, pode trancar o apartamento pra mim? Nos vemos mais tarde. Beijos, J.

Bem estilo cafajeste mesmo. Apesar de já estar esperando por isso, um grande vazio preencheu meu coração.

Não comi, não queria nada vindo dele mais. Minha vingança boba já foi feita, então seguiria em frente como se nada daquilo tivesse acontecido. Fiz como ele mandou, tranquei o apartamento assim que saí. As chaves no meu bolso pareciam pesar uma tonelada e sempre me lembravam da besteira que eu havia cometido. Fui pra casa, tomei um banho, tomei café e fui para o escritório.

Chegando lá me surpreendi por ver Júnior novamente de terno e gravata na sala do Sr Louis. A porta estava aberta e assim que meu patrão me viu, mandou eu entrar.

— Depois da nossa conversa ontem, esqueci de comunicá-lo. Meu filho trabalhará comigo a partir de hoje.

Júnior do outro lado da sala me olhava com um sorriso safado que só eu conseguia traduzir o significado.

Ah não. Não, não, não...

Como ontem eu não consegui sacar? Júnior nunca tinha aparecido na empresa — pelo menos era o que os mais antigos funcionários diziam — muito menos vestido a caráter como estava. A reunião com seu pai... Tudo estava tão evidente e eu não saquei pois estava cego de felicidade por causa do maldito presente e depois pela raiva. Se eu tivesse descoberto antes que Júnior trabalharia ali eu nunca teria feito o que fiz...

— Tudo bem — torcia para que minha voz não falhasse.

— Você já pegou o jeito do ritmo aqui no escritório. Quero que ajude o meu filho quando ele precisar.

Não!!!

— Certo — disse fitando o filho do meu patrão que agora estava com o rosto radiante, parecia gostar da situação. O que será que ele estava pensando?

— Está tudo bem? — agora foi o Júnior que perguntou.

— Estou — não, não estou e você sabe porque, seu idiota.

— Dormiu bem? — ele continuou provocando.

Arregalei os olhos pra ele, assustado. Não acredito que ele estava perguntando aquilo...

— Me parece um pouco... Cansado — continuou.

Por sorte, o Sr Louis estava tão ocupado mexendo em seu computador que nem prestou atenção na nossa conversa, mas eu temia que ele ligasse dois mais dois e descobrisse tudo. O Sr Louis de bobo não tinha nada.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora