29. Fique

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Existem poucos momentos em que você realmente é corajoso em toda a sua vida. Esses momentos te definem mais do que qualquer outra coisa, te formando, te moldando. Eu estou parado em frente ao seu apartamento. Eu realmente estou nervoso, sinto meu coração dentro do peito praticamente gritando a cada batida. Meu sangue parece estar mais grosso em minhas veias, me fazendo sentir-se pesaroso, quase sonolento. Eu hesitei, mas foi por tão pouco tempo que praticamente essa hesitação não existiu. Bato na porta três vezes e espero ansiosamente. Essa espera dura uma eternidade para mim, apesar de ter durado poucos segundos apenas.

Ele abre a porta e fica surpreso ao me ver ali. Seus olhos brilham, um belo reflexo dos meus.

Eu sinto o amor, eu sinto.

Mas então seus olhos escurecem, a velha e maldita sombra que o ronda a tanto tempo.

— Droga John, o que você está fazendo aqui? — sua voz é um sussurro pesaroso. Sinto que estamos mais conectados do que nunca.

A resposta para esta pergunta estava em algum lugar do meu subconsciente, mas eu não estava dando a mínima.

Eu o abracei. Bom, meus braços envolveram seu corpo. Júnior não me afastou. Parte de mim ficou surpreso e a outra adorou. Depois de um tempo ele retribuiu o meu abraço. Foi naquele momento que eu soube que meu Júnior não havia de fato desaparecido totalmente. Estar em seus braços novamente me deu, depois de muito tempo, a tranquilidade. Se eu tivesse que definir o significado que aquele abraço representou pra mim, eu o definiria como paz.

Eu deveria bater nele como estava planejando. Eu deveria xingá-lo por me tratar daquele jeito esses meses. Mas não. O que eu mais desejava não era brigar com Júnior, era abraça-lo e senti-lo mais uma vez, próximo a mim.

— Eu senti sua falta — disse em lágrimas.

— E-eu também, John — ele me abraçou mais forte ainda.

Meu olhar encontrou o dele, depois minhas mãos tocaram seu rosto, também em lágrimas. Ele era tão lindo, melancolicamente perfeito.

Respirei fundo e disse:

— Você ainda gosta de mim, eu sinto isso — de repente minha verdade parecia a verdade dele também.

— Você precisa ir — disse Júnior em seu tom rude convencional.

— Não! — gritei, revoltado. Eram tantos sentimentos dentro de mim que transbordavam — eu não vou sair. Cansei de fazer apenas o que as pessoas querem que eu faça. Cansei de ser obrigado a ser quem não sou, de agir como uma pessoa que nunca serei. Cansei de ouvir você toda vez me dizer adeus. Estou cansado Júnior, muito cansado.

Ele não teve reação. Essa era a minha chance.

— Diga que sou maluco por dizer que você ainda me ama. Diga! — exigi em um tom amargurado.

Ele não disse nada. Ficou ali parado como uma estátua grega, seus lábios tremiam mas nenhuma palavra de fato. Seus olhos penetrantes vidrados nos meus cheios de lágrimas.

— Diga que sou maluco — sussurrei de uma forma tão sexy que ambos ficamos assustados.

Ele se afastou, porém, dei um passo para mais perto dele. Júnior não recuou dessa vez e tão pouco pediu para que eu parasse então decidi chegar ainda mais perto, diminuindo totalmente o espaço que tinha entre nós dois.

Não faça isso, uma voz em minha mente pediu.

Faça, a outra implorou.

Minha mente estava dividida, mas meu corpo não. Cada parte implorava por Júnior. A adrenalina faziam meus músculos quase saltarem, mas o prazer era um êxtase que acalmava meus nervos. Assim eu sofria uma luta interna que quase me deixava louco, Júnior parecia ter a mesma batalha dentro de si. Eu então percebi que tão pouco importava o que era certo, o que era errado. Naquele instante éramos aqueles dois caras safados que transava na sala do meu patrão sem ligar para as consequências. O antigo Júnior e o meu antigo eu estavam possuindo nossos corpos, pelo menos naquela noite. Isso foi óbvio quando Júnior disse um "foda-se" e segurou minha nuca, levando meus lábios até os dele.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora