23. Verdades Reveladas

7.6K 732 116
                                    


Júnior Louis

Eu tinha três escolhas: esperar Jhon terminar a dura tarefa de organizar seja lá o que for que ele tem que fazer para meu pai, — eu não presto muita atenção nas coisas em que o John fala quando o assunto é Sr Louis, trabalho, escritório e tarefas — ir pra casa 1 (mansão) ou casa dois (AP). Preferi ir para a casa 1 por causa da minha mãe. Eu mal tinha tempo pra ela nesses meses. Minha vida praticamente se resumia em trabalho — argh! — e John. Então assim que meu querido namorado começou a trabalhar novamente para o meu não-tão-querido pai, mal tivemos mais tempo juntos. Então essa semana sobrou uma lacuna enorme na minha agenda para me dedicar à minha mãe. Cheguei na mansão ás três da tarde, subi direto quando não avistei minha mãe e fui pro meu quarto tomar um banho. Depois desci, perguntei pra Maria, nossa empregada, onde estava a Sra Louis, mas nem ela sabia. Estranho.

Fui até o escritório do meu pai. No corredor eu escutava sua voz, e uma segunda voz feminina. Eu achei que era minha mãe por alguns segundos, até notar de quem se tratava. Não só isso. Até notar do que falavam. Meu coração acelerou quando meu pai e Carla disseram o nome John Kennedy com aspereza. Fiquei quieto, tentando entender o contexto em que o nome do meu namorado se encaixava na conversa.

— Eu não vou participar disso. Eu estou fora — Carla parecia agoniada.

Meu pai riu histericamente.

— É claro que vai. Você não seria louca de voltar atrás. Não depois de tudo.

Todos os meus sentidos despertaram.

— Isso é uma ameaça? — a tensão na voz de Carla fez sua voz falhar. Era eminente que ela estava com medo.

— Não. Você me conhece. Sabe que eu não sou um homem de ameaças.

— Eu sei bem disso. Talvez o namoradinho do seu filho saiba mais do que eu.

Todos os músculos do meu corpo ficaram tensos ao mesmo tempo.

— Você é uma mulher gananciosa, Carla. Enxerguei um futuro tão promissor ao lado do meu filho...

Ouve um silencio. Até que meu pai continuasse:

— Mas é impulsiva. Age sem pensar, é fraca. Covarde.

— Eu posso ser fraca, covarde mas não sou assassina.

Meu coração acelerou. Temendo o rumo da conversa. Algo me dizia que aquilo iria mudar minha vida.

— É claro que não é. Nem eu.

— Não seja sínico. Você mandou aquele homens matarem John.

Não sei qual barulho foi o mais alto: eu entrando na sala, praticamente arrombando a porta ou o meu ex pai voando no pescoço de Carla. Quando entrei na sala, as mãos dele estavam em volta do pescoço da loira, mas seus olhos aparentavam a mesma surpresa, dúvida e medo que os dela.

— Foi você — foi tudo que eu consegui dizer naquele momento. As lágrimas manchavam minha visão, o ódio trancava minha garganta.

— O que você escutou? — o homem que um dia era meu pai tentou se aproximar de mim.

— Não chega perto! — gritei.

Ele parou abruptamente entre a Carla e mim. Suas mãos pra cima, como um criminoso pego na cena do crime.

— Eu não sei o quanto ouviu, mas me escute. Não é nada disso que você está pensando....

— Eu sei o que ouvi — grunhi pra ele.

Carla parecia estar tendo um ataque de pânico no canto do escritório, ela começou a gritar descontroladamente.

— Cala boca Carla! — mandou ele.

— Você é um monstro — minha respiração estava descontrolada — VOCÊ É UM MONTRO! — pela primeira vez senti dizer algo que era verdade para meu próprio pai ou seja lá o que aquele homem assustado era meu.

Seu rosto mudou, transformando o medo em algo mais... assustador. Eu nunca o tinha visto daquele jeito. Ele passou por mim, eu senti seu cheiro de suor, tensão e perfume fazendo meu estômago se revirar ainda mais. Ele fechou a porta, se virou pra mim e disse:

— É hora de se tornar homem, Júnior.

Eu ri, não acreditando que ele tinha dito aquilo mesmo. Realmente aquele homem na minha frente era maluco.

— Vai me espancar como fez com meu namorado?

A palavra namorado foi como um soco na cara dele. Agradeci por dizer aquilo em voz alta e na frente dele. Vê-lo incomodado era o que eu mais queria naquele momento. Mas nada comparado ao que ele fez à John.

— Você realmente não está entendendo a gravidade da coisa toda meu filho.

— Não me chame de filho — grunhi — eu não tenho qualquer traço seu.

Como uma criança que fala uma bobagem perto de um adulto, ele sorriu. Aquilo me deu mais raiva ainda.

— Eu era igual você quando tinha sua idade. Irresponsável e ingênuo. Mas eu cresci. Agora é sua vez de crescer.

— Do que você está falando? Você é louco. Quando eu sair daqui vou chamar a polícia seu psicopata!

Eu estava indo em direção da porta, mas ele me segurou, me jogando contra a parede e me prendendo. Tinha esquecido que Carla estava ali até ela gritar novamente.

— Escuta aqui seu filho da puta arrogante e ingrato — ele estava agressivo e descontrolado — se você ousar contar alguma coisa pra alguém, e isso inclui a polícia, eu mato aquela bichinha que você chama de namorado, entendeu? Eu mato ele, e dessa vez arrumo pessoas mais competentes para executarem o serviço direito. Você me entendeu?

Eu tremia. Nunca senti tanto medo daquele homem como estava sentindo agora. Medo e raiva, dois sentimentos horríveis que nunca pensei ser tão poderosos juntos.

Assenti e ele me largou, ajeitando seu terno. Ele suava muito.

Eu queria acordar daquele pesadelo, mas infelizmente eu estava acordado já.

— Que bom que você entendeu — seu sorriso me dava angústia — temos um grande futuros juntos, filho. Eu e você conquistaremos muitas coisas.

Eu queria chorar. Eu queria gritar. Nessa hora me veio apenas uma pessoa em minha mente: John Kennedy. Aquele sentimento de desculpa não era só coisa da minha mente. Por minha causa, meu grande amor quase morreu. Eu era sua queda. Quando eu pensei que isso poderia dar certo? Estando do meu lado, John corria perigo de vida. Eu não tinha mais salvação, mas John ainda tinha. Minhas pernas falharam e eu me escorei na parede. Ao olhar ao meu lado, Carla me observava. Em seu olhar um reflexo do meu, as mesmas dúvidas e medos.


O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora