Grande parte da minha vida, vivi em uma pequena cidade no interior do país. Parada no tempo, os moradores nela eram tudo o que eu mais detestava em um ser humano: preconceituosas, egoístas e falsas. Exatamente como minha mãe era.
Eu tinha medo de ficar preso ali pra sempre. De me tornar um deles. Durante o tempo que morei lá, permaneci congelado no tempo como eles. Fingi aceitar as regras que eles mesmos insistiam cumprir. Sorrir verdades falsas e aceitar mentiras egoístas.
Mas às vezes quando se finge demais, você acaba se tornando aquilo que inventou. Criei um casulo em volta de mim e permaneci lá, querendo esconder toda a verdade sobre mim. Por um período eu realmente acreditei nas mentiras odiosas que eles me contavam. Eu comecei a me achar impuro e condenado. Comecei a odiar outros como a mim. Eu estava me tornando um deles.
A única pessoa na época que me ajudou foi Anna. Era a única em que confiava e foi também a única garota que amei, mesmo esse amor sendo de irmão. Com ela eu podia me permitir ser eu mesmo enquanto estava ao seu lado e aquele casulo era abandonado por algumas horas. Com a minha melhor amiga eu conseguia ver a realidade em que me encontrava.
Anna vivia uma situação difícil com seus pais e isso nos aproximou ainda mais. Nossas angústias e a vontade de sair dali nos uniu para bolar um plano de fuga daquele inferno antes que o contágio dessa doença chamada fanatismo religioso chegasse a um ponto irreversível.
Assim que consegui dinheiro suficiente para sair de lá mais ela, não hesitei. Apesar de estarmos morrendo de medo que alguém nos impedisse. Mas a surpresa de nossa atitude paralisou os pais de Anna e à minha mãe. Porque naquela pequena cidade, apesar de falarem tanto sobre a fé, ninguém acreditava em nós. A liberdade estava à nossa frente, nos chamando de braços abertos. Mas a liberdade é apenas uma metáfora, a coisa toda está em nossa mente. Mesmo me mudando daquele pequeno maldito lugar e reconstruindo minha vida longe da minha mãe, eu ainda não havia saído daquele casulo de medos no qual tinha construído.
Então eu conheci Júnior e ele me libertou. Com seus joguinhos insanos, experimentei meus limites e os ultrapassei. Usei o mundo e usufruí de seus prazeres. Porém não foi apenas seus fetiches loucos que fez acabar com meus medos. Foi o sentimento que eu sentia por ele no qual crescia a cada dia mais. Um sentimento recente, só que não tão menos forte. Sentimento que me fazia seguir em frente com suas loucuras e ao mesmo tempo desconfiar tanto dele. Matou alguns medos antigos e colocou outros no lugar. E para ajudar, nosso relacionamento — digo, nosso rolo com um nome ainda indefinido — era um ponto cego. Não se dava para ver a estrada e tampouco o trajeto. Júnior era praticamente um desconhecido e era isso que me causava medo. Porque o desconhecido pode ser aterrorizante às vezes.
Minha vida pareceu se resumir a apenas ao filho do meu patrão nos últimos meses. Uma direção errônea a se seguir. Eu tinha noção do sentimento crescendo em meu peito e temia no que ele poderia se tornar. Mudei tanto nesse tempo, mas o que me confortava era que Júnior Louis também havia mudado. Eu não sabia em que, mas a diferença estava lá em algum lugar em seu interior. Era a única certeza que eu tinha sobre ele.
E estar aqui, exatamente naquele ponto do nosso estranho e indefinível relacionamento para poder tomar uma atitude que seria definitiva me deixava em pânico. Porque eu estava dividido entre as incertezas dele e a certeza minha. Queria tanto aquele desgraçado e ao mesmo tempo minha vontade era de sair correndo o mais longe possível dele. Sempre me senti assim desde que o conheci. Mas eu nunca corri, pelo contrário, a cada dia que passava a gente se envolvia cada vez mais.
Ainda havia uma escolha a ser feita. Eu teria que confiar nele ou caso contrário era o fim. Estavam em minha frente dois caminhos. Duas opções tão diferentes uma da outra e mesmo assim sabia que qual fosse minha escolha, ela mudaria minha vida. Um caminho era previsível, o outro não se dava para ver nada. É claro que o mais óbvio e sadio seria o caminho previsível, mas para meu coração errôneo o certo seria o outro. O certo para meu coração era o que eu por tanto tempo julguei ser o errado e absurdo.
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O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)
RomanceMe chamo John Kennedy e tudo começou quando conheci o filho do meu novo patrão. Alto, forte e muito bonito, Júnior despertou em mim os mais obscuros desejos. Agora esconder essa forte atração que sinto do meu patrão religioso e chato enquanto tenho...