37. Pelos seus Pensamentos, Um Beijo

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Haviam passado uma semana desde o enterro da minha mãe. Uma semana de luto. Uma semana mergulhado na minha angústia.

"Deixem ele processar tudo" dizia meu tio Sam.

Todos respeitaram esse tempo. Porém no oitavo dia eu despertei e como uma fênix, ressurgi das cinzas. Levantei da cama e tomei um banho. Reuni todos na sala de estar.

Ah, como as lembranças eram fortes, e dolorosas também. Reuni as forças que me fizeram reerguer. Todos esperavam, ansiosos pelo que eu ia dizer. Notei no olhar de cada um a preocupação, o desespero e o amor... Eu deveria ser forte, eu sou forte...

— Minha mãe morreu, e não há nada que eu possa fazer para mudar isso — disse a todos, os peguei desprevenidos, pois alguns olhares ficaram surpresos, outros, até aliviados — eu sei que a dor da perda não desaparecerá tão cedo e talvez, nunca passe de fato. Porém preciso seguir — apesar da confiança em meu tom de voz, as palavras cortavam como facas. De certa maneira minha mente não parecia concordar com aquilo. Era como se meu coração quisesse ficar de luto para sempre.

Todos presentes na sala concordaram sem dizer uma palavra. Todos ali na sala esperavam que eu ficasse mais tempo em minha Tristeza. Não que realmente quisessem, bom, esperavam. Mas como disse anteriormente... eu deveria ser forte...

A primeira providência que tomei foi arrumar os pertences dela. Minha mãe não tinha muitas coisas, não era uma pessoa vaidosa. Possuía poucas roupas e muito menos objetos pessoais. Mas mesmo assim se desfazer mesmo de poucas coisas tinha sua parcela de dor. O preço que eu tinha que pagar.

— Já sabe o que vai fazer? — pergunta Evan enquanto me ajudava a empacotar algumas roupas. Segurava comigo um de seus vestidos pretos. Em uma lembrança vaga me lembrei dela o usando. Apesar de já ter notado, nunca a disse pessoalmente como ela ficava elegante naquele vestido.

— Sim. A maioria das coisas vou levar para a doação. Acho que é o certo a fazer. Os itens mais pessoais vou guardar comigo. Não quero me desfazer de tudo.

Eu queria ter algo para me lembrar dela. Não que eu fosse esquecer minha própria mãe, mas ter algo seu físico torna as coisas mais fáceis de manter na memória.

Havia uma caixa de madeira com o desenho do infinito encravado na tampa. De início quase não a reconheci, mas depois de segura-la nas mãos todas as memórias sobre aquele objeto rústico e pesado me vieram na mente. A caixa na qual era mais velha que eu, foi um presente dado pelo meu pai. Foi a única coisa física que tinha sobrado dele. O resto foi perdido. Eu sempre quis saber a história por trás daquele presente. Quando eu era pequeno e batia uma carência paterna eu corria para a caixa, a segurava nas mãos e depois a abraçava forte. Ficava imaginando como meu pai teria dado a minha mãe. Eu chegava a conversar com ela, como se de um modo sobrenatural, àquele na qual um dia a comprou e deu de presente para minha mãe me escutasse.

Minha mãe sumiu com ela depois de um tempo. Nunca mais a tinha visto desde então. Eu jurava que ela a tinha jogado fora, mas parece que não. O objeto estava intacto em minhas mãos agora.

Se ela nunca se desfez de verdade daquele objeto, não seria eu que faria. A guardei comigo. Dentro haviam três coisas: um medalhão com minha foto mais novo, uma cruz de metal e um anel de ouro.

— Já sabe o que vai fazer com os móveis? — perguntou meu tio.

Ele estava me ajudando a guardar algumas coisas também.

— Alguns pertencem ao meu ex padrasto.

A casa era da minha mãe. Cada parcela foi paga com o trabalho duro que a Sra. Kennedy teve ao longo dos anos. Agora os móveis, a maioria foi meu padrasto. Eu não queria ficar com nada que fosse dele. Então precisaria devolvê-lo.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora