O mundo é feito de escolhas, mas são as atitudes que realmente fazem a diferença.
Na minha infância, a maior parte do tempo ficava com a minha vó. Não lembro muito bem dela como não lembro muito bem do meu pai. Minhas únicas lembranças com minha vó era eu sentado no chão ao lado de sua cadeira de balanço. Eu não era um garoto levado, nunca fui. E aos cinco anos tinha meu próprio mundo onde viajava com meus brinquedos, naquela época nem imaginava o quanto o mundo era grande e assustador.
Vovó possuía cabelos brancos e o rosto marcado pelo tempo. Mas era seu olhar que mais continha histórias. Histórias de seu tempo, de suas experiências. Não me lembro de nada, até porque eu era uma criança em meu próprio mundo, mas me lembro de sua voz. Também consigo lembrar de uma frase que ela costumava dizer, uma hora pro vento outrora pra mim:
O mundo é feito de escolhas, mas são as atitudes que realmente fazem a diferença.
Minha vó morreu naquela mesma cadeira de balanço comigo ao lado. Não me lembro desse dia, talvez porque minha mente tenha deletado o triste fato para evitar sofrimento. Mas suas palavras marcaram em mim, mesmo eu nunca ter entendido o que ela queria dizer.
Até hoje. Até agora. Sua frase faz tanto sentido agora.
Eu escolhi Júnior. Isso de certa forma nos condenou. Minha atitude nos salvaria agora. A atitude de mentir, de enfrentar isso sozinho. Eu tinha e não tinha um plano ao mesmo tempo. Meu foco no momento era conseguir arrancar alguma informação desse tal Felipe.
Peguei meu celular mais uma vez, ligando a tela e vendo pela milésima vez a conversa entre Felipe e eu, marcando o lugar e a hora.
— Quer que eu vá com você? — perguntou Anna, assim que notou meu nervosismo.
Balancei a cabeça negativamente. Eu precisava fazer aquilo sozinho.
Respirei fundo e sai do jipe, só deu tempo de escutar um boa sorte de Anna antes de atravessar a rua até o ponto de encontro: a cafeteria.
Algo me fez fraquejar no trajeto jipe-cafeteria. Acho que foi a pequena cidade vazia de rostos no qual me fez lembrar uma outra cidade onde morei grande parte da minha vida. Afastei aquela comparação da minha mente e me foquei no objetivo pelo qual estava ali, naquele pequeno fim de mundo.
A cafeteria parecia bem antiga e à tempos não recebia alguma reforma. Haviam apenas uma seis pessoas que assim que me viram entrando viraram seus rostos em minha direção, quer dizer, nem todos. Um rapaz no canto da cafeteria de costas pra entrada, esse nem sequer se mexeu. Deduzi na hora quem era.
Caminhei impacientemente até a mesa onde o rapaz estava. Alguns olhares me seguiram, outros simplesmente perderam o interesse em mim. Ser observado não me deixava confortável. O lugar não estava quente mas eu suava.
— Felipe?
O rapaz que estava bem distraído em seu cappuccino, levantou os olhos e me observou por alguns segundos até me cumprimentar e pedir para que eu sentasse.
— Quer alguma coisa? — perguntou Felipe — apesar do lugar caído, fazem ótimos cafés.
— Não obrigado. Estou bem assim.
Felipe aparentava ser mais velho que eu, apenas uns seis ou sete anos. Possuía cabelos escuros e olhos castanhos. O que mais me impressionou foi a sua incrível semelhança com Carla.
— O que quer saber sobre Carla? — perguntou ele.
Foi nessa hora que todas as frases que eu havia decorado durante as duas horas de viagem entraram em ação.
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O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)
RomantizmMe chamo John Kennedy e tudo começou quando conheci o filho do meu novo patrão. Alto, forte e muito bonito, Júnior despertou em mim os mais obscuros desejos. Agora esconder essa forte atração que sinto do meu patrão religioso e chato enquanto tenho...