13. Alguns Medos

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Acordei feliz. Não sabia que diabos estava acontecendo comigo. Apenas sorria ainda sonolento.

Olhei para o lado e não vi ninguém. Meu coração doeu, um sentimento de abandono que eu já conhecia graças à Júnior.

Ou foi um sonho? De novo, eu já tinha feito aquela mesma pergunta e mais uma vez sabia a resposta. Porque com o filho do meu patrão era assim: passávamos uma noite incrível e no outro dia ele já havia partido. Tão estilo cafajeste...

O que me fez ter certeza mesmo que não tinha sido de fato um sonho foi seu cheiro na minha cama. Perfume amadeirado forte e intenso, misturado com hortelã. Sua essência impregnava meu cérebro de coisas boas e fazia meu coração bater mais rápido. Fiquei ali com o nariz enfiado entre as fronhas e os lençóis, ainda com o sorriso bobo no rosto. Não gostava muito de admitir quando algo me deixava vulnerável, mas ele tinha me vencido. Júnior Louis havia me dominado totalmente com seus truques baratos e suas meias palavras fáceis melancólicas.

Me permiti mais alguns minutos no paraíso antes de levantar e aguentar o interrogatório da minha melhor amiga.

Senti cheiro de torrada, isso chamou minha atenção e eu segui o cheiro até a cozinha. Paralisei no mesmo instante quando vi Júnior sentado na mesa e Anna conversando com ele alegremente enquanto fritava hambúrgueres. Ela se virou e olhou pra mim no mesmo instante em que Júnior o fez:

— Acordou a Bela Adormecida. Venha pra cá, sente ao lado de seu namorado podia sentir de onde eu estava o quanto ela estava adorando tudo aquilo.

A fuzilei com os olhos mas minha vontade era de enfiar a cara dela naquela frigideira. Eu apenas disse duas coisas antes de me sentar ao lado de Júnior: "ele não é meu namorado" e "bom dia pra você também", necessariamente nessa ordem.

Dava pra ver que ele se divertia com a situação tanto quanto Anna. Eu é que estava sério e tenso. Peguei uma torrada e comecei o meu trabalho: permanecer calado sem entrar em pânico.

— Anna estava contando sobre a infância de vocês — Júnior também estava comendo uma torrada. Eu evitei encará-lo, mas sabia que ele estava olhando para mim.

— Não acredite nas atrocidades que essa aí te contou.

Anna riu do outro lado do balcão. O cheiro de fritura impedia que eu sentisse minha essência favorita bem ali do meu lado.

— Você era um péssimo amigo quando criança, John.

— Tínhamos apenas cinco anos — expliquei a Júnior, mas é claro que ele já sabia. Anna e sua língua, deve ter contado até quantas cuecas eu tinha no meu guarda-roupas.

— Que malvado você — seus lábios tremiam um sorriso gostoso que me fazia ter calafrios em todas as minhas cavidades — jogar no rio a boneca predileta de sua amiga.

— Se você tivesse visto a boneca, teria feito o mesmo — agora eu o encarava, com um sorriso torto. Acho que a vergonha havia passado.

Anna riu do outro lado da cozinha. Trouxe os hambúrgueres e se sentou à mesa junto com a gente. Ela nos encarava com os olhos brilhando de admiração no estilo "nossa, que gato John, está aprovadíssimo". É claro que eu a ignorei.

Júnior se sentia tão a vontade ali. Era como se ele fosse morador a mais tempo que eu. De vez em quando me lançava uns olhares e umas piscadelas e eu ruborizava como um garotinho tímido.

Vê-lo se dando bem com Anna e se sentindo à vontade no nosso apartamento me fez querer que ele nunca saísse de lá. Era uma sensação estranha e confusa.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora