Capítulo 3

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Uma senhora rechonchuda abriu a porta, ela vestia um sweter vermelho e calça jeans. Seu cabelo castanho era liso e bonito, mas o corte chanel não combinava com seu rosto.

Ela olhou fundo nos meu olhos e arqueou as sobrancelhas.

- O que deseja?

- Eu queria saber se aqui é a aula de biologia.

- É aqui sim, qual é o seu nome?

- Luce Giffin.

- A aluna nova. - Ela bufou, como se odiasse aquilo. - Qual o motivo da sua demora?

- Eu não estava conseguindo encontrar a sala, e como você já disse, sou nova aqui.

Ela me examinou, procurando alguma brecha no que eu estava dizendo.

- Tudo bem senhorita Giffin, hoje vou deixar passar, acredito que já tenha decorado o caminho. Entre, sente-se e preste atenção.

Hesitei um pouco, haviam milhares de olhos curiosos focados em mim. Apertei a alça da mochila, tentando em vão, me reconfortar.

Tomei coragem e dei um passo à frente, avistei uma cadeira vazia e me sentei.

- Bom, continuando...
Ela começou a explicar sobre neodarwinismo (teoria sintética da evolução), mas eu não prestei muita atenção, minha cabeça estava explodindo de dor.

*** 

O dia passou rápido, tive a sensação de que estudei nessa escola minha vida toda. Tudo que fiz pareceu natural, mas como sempre, ninguém falou comigo, sequer notaram minha presença, mas eu estou acostumada.

O último sinal tocou, todos saíram das salas como se estivessem esquecido suas panelas no fogão. Sai pela porta da frente e fui em direção ao carro, queria voltar logo para casa.

Entrei, liguei-o e comecei a dirigir. Lembrava bem o caminho, não precisei ligar o GPS.

***

Quando estava na rua de casa, um cachorro entrou na frente do carro. Entrei em desespero e virei o veículo bruscamente, entrando na calçada. 

Vi algo bater no capo, e então freei.

Senti uma pancada na cabeça, mas a dor foi embora na mesma rapidez que surgiu.

Abri a porta desesperada e vi um garoto caído no chão, ele devia ter a minha idade.

- Droga! Será que eu o matei? - Falei, um pouco alto de mais.

- Faltou pouco. - Ele tentou se levantar, tinha um corte na cabeça e parecia estar prestes a desmaiar.

- Não fale, fique quieto, vou chamar uma ambulância.

-Não! Por favor, nada de ambulância. Eu estou bem.

Era óbvio que ele não estava bem.

- Esta certo, eu não vou chamar, mas você precisa parar de se mexer.

- Preciso... me levantar. - Ele custou à dizer.

- Não, fique quieto! Vou te tirar daqui.

Levantei-o com cuidado, coloquei seu braço em torno de meus ombros e o levei para o carro.

Faltavam poucos metros para chegar em casa.

Assim que estacionei fui até o outro banco buscá-lo. Entrei em casa com ele e deitei-o no sofá.
Em seguida peguei meu celular e disquei o número do meu pai.

- Alô, pai?

- Luce? Você sabe que eu estou trabalhando e...

- Eu atropelei um garoto. - Falei rápido, esperando que ele não surtasse. - Eu estava voltando da escola e um cachorro apareceu na minha frente do nada, eu desviei, mas acabei acertando o menino na calçada. Sinto muito.

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