Capítulo 43

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A aula de biologia foi mais chata do que o normal, a professora parecia estar de mau humor e todos estavam loucos para ir embora, inclusive eu.

- Amanhã é o último dia para entregar o trabalho sobre DNA, não se esqueçam. - A professora disse, apagando o enorme texto que estava na lousa.

Droga! Eu tinha esquecido totalmente daquele trabalho, teria que pedir ajuda a única pessoa que eu conhecia na sala.

Olhei para Clarice, que nem mesmo piscava enquanto desenhava em seu caderno.

- Ei Clarice - Chamei. - Clarice. - Ela olhou. - Faz o trabalho comigo?

- Eu já fiz o trabalho. - Ela disse, me fazendo gelar por um instante. - Relaxa - Ela sorriu. - Coloco seu nome.

Suspirei, sem deixar de sorrir, eu tinha um problema a menos.

- Te devo uma.

Ela assentiu e voltou a desenhar.

O sinal tocou e todos saíram da sala.

Esperei Clarice terminar seu desenho de lua( imagem da multimídea), aquilo me fez perder o ar, era um desenho de um realismo impressionante.

- Clarice, esse desenho é de longe o mais incrível que eu já vi. - Eu disse, peganho o desenho nas mãos. - Olha os detalhes.

O desenho era de um lua cheia desenhada num papel preto, eu nunca vira nada tão bonito.

- Obrigada. - Ela sorriu. - Mas acho melhor nós irmos, a professora está nos encarando.

Olhei para trás,  e vi o olhar quase maligno da professora sobre nós.

O que aquela professora tinha afinal?

- Se olhar dela soltasse raios já estaríamos mortas. - Clarice disse, enquanto guardava suas coisas.

Eu ri.

- Com certeza estaríamos.

Ela terminou de guardar seus cadernos e saímos da sala.

Os corredores estavam quase vasios, todos haviam ido embora, exceto por uma garota ruiva que mexia em seu armário, que por coincidência ficava ao lado do meu.

Passamos por ela devagar, mas quando me viu fechou o armário com força e lançou-me um olhar mortal.

Qual era o problema dessa gente?

Saímos da escola e Clarice se despediu.

- Eu tenho que ir, te vejo amanhã?

- Acho que sim - Respondi. - Foi muito bom conhecer você Clarice.

- Digo o mesmo. - Ela sorriu, enquanto se afastava.

Olhei em volta e avistei a picape do Marcos. Corri em direção a ela.

- Até que enfim - Lucas disse quando me aproximei. - Achei que não viria nunca.

- Foi mal. - Me desculpei enquanto jogava minha mochila na traseira da picape.

Todos já estavam no carro, só faltava mesmo eu.

- Vai voltar na traseira Luce? - Leo perguntou.

- Por que? Algum problema com isso?

- Nossa nervosinha, só peguntei.

- E eu só respondi.

Todos olharam pra mim e eu dei de ombros, eu não tinha que trata-los com carinho cem por cento do dia.

- Vamos embora logo. - Ben disse e Marcos ligou a picape.

Todos ficaram em silêncio no trajeto e eu aproveitei para ler meu guia.

Quando abri o livro Gabriel me chamou.

- Luce - Ele chamou.

- O quê?

- Hoje é seu primeiro dia de treinamento, sugiro que se prepare.

Meu cérebro doeu.

- Como assim treinamento?

- Vai saber quando chegarmos.

Bufei, já estava casada de tanto segredo, por que precisávamos treinar afinal? E treinar o que? Provavelmente a resposta não era nada boa.

Tentei ler o guia mas o carro balançava demais, então quardei-o na mochila.

Quando terminei de fechar o zíper algo novo aconteceu, senti o mundo a minha volta girar, tudo perdeu as cores, tudo escurecia, mas eu não me sentia fraca, não sentia como se fosse desmaiar, sentia alguma coisa mudar, ouvia os pássaros cantarem de uma forma estranha, a picape foi sumindo, tudo foi sumindo, então eu percebi o que estava acontecendo, eu estava tendo uma previsão.

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