Capítulo 26

129 16 7
                                    

Não sonhei com absolutamente nada, e preferi assim, não queria prever o futuro outra vez.

Senti que estava acordada, mas não conseguia abrir os olhos, pareciam grudados.

- O que ouve com ela? - Ouvi Anna sussurrar, reconheceria sua voz mesmo dormindo.

- Acho que ficou nervosa depois que conversou com Marcos. - Alguém respondeu.

No mesmo instante meu coração se apertou, me lembrei da conversa que tivemos, me lembrei do que ele me contou.

- Jura? Ela até que aceitou bem quando eu disse que falava com os animais. - Imediatamente reconheci o dono da terceira voz, Gabrielle.

Então meu cérebro raciocinou. Três pessoas, haviam três pessoas comigo.

- Acho que não tinha a ver com nossos dons, mas sim com o pai dela. - A única pessoa que eu não reconheci fez uma pausa, e eu pude sentir o olhar dela sobre mim. - Ele sumiu.

- Tadinha. - Gabrielle comentou. - Pelo menos Ben ficou aqui com ela.

- E se ficou. - A terceira pessoa respondeu. - Ontem quando vim aqui ele estava com ela, e pareceu bem preocupado.

Ben ficou aqui comigo?

- Que fofo. - Anna disse.

- E não é só isso. - A pessoa continuou. - Tinha que ver a cara dele quando eu disse que ela era bonita. Praticamente voou em mim.

Ok. Eu definitivamente precisava descobrir quem era a terceira pessoa.

- Acho que ele gosta mesmo dela. - Garielle falou.

Eu fiquei sem reação, não sabia o que pensar. Havia acabado de conhece-lo.

- Acho melhor deixar os dois dormindo. - Anna disse, e segundos depois ouvi a porta bater.

Os dois? Ben ainda estava aqui? Ele ficou comigo a noite toda?

Suspirei, aquilo era encantador, mas eu não tinha certeza do que sentia, além do mais minha vida tomou um rumo totalmente maluco, sem tempo para pensar em amor.

Respirei fundo e tentei abrir meus olhos, aos poucos eles foram se mexendo, e cada pálpebra parecia estar sendo rasgada.

Lentamente, um quarto bagunçado e um ventilador de teto se formaram em minha visão embaçada. Estiquei as pernas e me levantei.

A dor que eu agora sentia na cabeça, não se comparava a que eu senti ontem a noite. Os pelos do meu braço se arrepiaram só de lembrar.

Pisquei algumas vezes, e aos poucos reconheci Ben sentado na poltrona ao lado da cama, seus cachos vermelhos caiam sobre seus olhos, sua respiração era lenta e calma, e uma pequena marca avermelhada em seu rosto, impressa pela poltrona, estava aparente em sua bochecha. 

Esbocei um sorriso, ele estava tão quieto e tranquilo, quase como... um anjo.

Balancei a cabeça, afastando aquele pensamento. Tenho que me concentrar, alguém tinha capturado meu pai, e eu tinha de encontrá-lo.

Levantei da cama e fui lentamente até a porta, girei a maçaneta e sai do quarto a procura de Marcos.

MinguanteOnde histórias criam vida. Descubra agora