Capítulo 24

110 14 0
                                    

O pânico tomou conta do meu corpo.

- O que aconteceu com meu pai? - Perguntei, já sentindo minhas mãos tremerem.

- Ele foi levado.

Não consegui raciocinar depois que ele disse aquelas palavras. Eu não estava entendendo, e acho que nem queria entender.

- Depois que nós a resgatamos, eu fui a sua casa conversar com seu pai, e me deparei com a casa revirada, toda destruída, e ele não estava em lugar algum.

Eu queria mandar ele calar a boca, queria dizer o quanto é um idiota por achar que alguém teria motivos para sequestrar meu pai, mas eu sabia, eu sentia que ele estava dizendo a verdade.

- Mas por quê? Por que alguém faria isso? Como pode ter certeza de que ele foi mesmo levado por alguém, como pode saber? - Eu senti as lágrimas caírem, não queria acreditar, meu pai sempre estivera comigo, sempre, em todos os momentos da minha vida, e agora ele simplesmente foi tirado de mim, como uma criança que tem seu brinquedo favorito roubado.

- Deixaram um... um bilhete. - Marcos diz, totalmente arrependido por ter me contado.

Limpei as lágrimas na minha bochecha.

- Eu quero ler. 

Ele colocou as mãos nos bolsos e tirou um papel amassado de dentro dele.

- Tem certeza? - Ele me olhou. - Você pode ler amanhã.

- Não, eu quero ler agora. - Peguei o papel dele com determinação e o abri.

"Sabemos o que os dois fizeram, sabemos que vocês os acobertaram, e sabemos que estão com a garota. Vamos encontrá-la, e Clara também, vocês infligiram o acordo e vão pagar."

Dobrei o papel e respirei fundo. Eu não tinha a menor ideia do que eles estavam falando, mas de uma coisa eu sabia, se sabiam sobre nós, sabemos sobre eles.

- Quem deixou esse bilhete?

- Não sei. - Marcos não olhou nos meus olhos, sabia que ele estava mentindo.

- Quem deixou esse bilhete Marcos? - Alterei a voz .

Dessa vez ele olhou nos meus olhos.

- Não posso te contar, sinto muito.

Me enfureci. 

- Como assim não pode me contar?! Está dizendo que sabe quem pegou meu pai e não quer me contar?! É isso o que eu ouvi?! Foi isso mesmo que eu ouvi! - Gritei, ignorando a dor que se formava na minha cabeça.

- Calma. - Ele pegou meus braços. 

- Me solta! - Gritei, puxando minhas mãos - Eu posso aceitar tudo Marcos, tudo! Anjos, poderes, amuletos, nefilins, opostos, futuro, presente, tudo! Mas não posso aceitar uma coisa, perder o meu pai! Então você vai me contar, e vai me contar agora quem mandou esse bilhete!

Ele olhou pra mim, sem dizer nada. Minha respiração estava ofegante, meus braços tremiam, a dor na minha cabeça aumentou, então pontos pretos começarem a dançar na minha visão.

- Marcos, eu acho que... - Não consegui terminar a frase, senti minhas pernas me abandonarem e meu corpo cair na grama.

- Luce! - Ele gritou enquanto eu via a imagem à minha frente se apagar e desaparecer por completo.


MinguanteOnde histórias criam vida. Descubra agora