- Muito bem então. - Marcos
disse. - Vou confiar em você.- Vai me contar o que está acontecendo? - Perguntei.
- Vou. - Ele respondeu. - Agora sente-se.
Nós nos sentamos na grama do quintal, dobrando as pernas em forma de índio.
- O que você quer saber primeiro? - Ele perguntou, sem tirar os olhos da floresta.
- Quero saber o que vocês fizeram com o Thomas. - Eu estava mais preocupada do que curiosa.
Marcos olhou pra mim com um ar de surpresa.
- Ele está em casa, junto da mãe, nesse momento.
- Então ele simplesmente foi embora depois que vocês me "resgataram"? - Fiz aspas com as mãos pra dizer a última palavra.
- Exatamente. - Marcos concordou, inclinando a cabeça.
- Isso não faz o menor sentido. - E não fazia mesmo.
- Um dos nossos integrantes possuí um dom incrível. - Marcos disse, sem olhar pra mim. - Ele pode mandar uma pessoa fazer o que ele quiser, apenas tocando nela.
Com a última frase eu entendi tudo, eles tinham usado o dom de alguém para fazer Thomas ir embora.
Não sei se fiquei aliviada ou apreensiva.
- Quer dizer que existem mais pessoas com esses tais dons? - Perguntei.
- Sim. - Ele respondeu. - Existem muitas delas.
Fiquei em silêncio, tentando digerir aquela informação.
- E sabe de uma coisa? - Marcos perguntou, mas eu não me movi. - Nós somos os únicos no mundo todo que podem prever o futuro. - Ele sorriu.
Então era dessa raridade que eles falavam.
- Como pode ter certeza? - Perguntei.
- Quando nasce um novo integrante. - Ele começou. - Nós sentimos sua presença e sabemos que dons ele possuí.
De novo a palavra no plural. Dons.
- Então todos naquela sala já sabiam qual era o meu dom. - Observei.
- Nada disso. - Ele disse. - Aqueles são integrantes recentes, eles ainda não sabem como sentir outro dom, estão em fase de treinamento. Exceto Bem, ele provavelmente podia sentir.
Então esse era o motivo do riso?
- O que você quer dizer com integrantes? - Perguntei, ignorando meu pensamento anterior.
- Integrantes da nossa família.
- Família? Vocês são todos parentes?
- Tecnicamente, sim. - Ele respondeu. - Somos ligados por um laço de sangue.
- E agora eu faço parte desse laço.
- Sim. - Marcos respondeu, mesmo sabendo que eu não fizera pergunta alguma.
- E o que vocês querem dizer com Minguante?
Eu tinha enfim perguntado algo que realmente queria saber a resposta.
- É o nome da nossa família. - Ele respondeu.
- Mas por que esse nome? - Eu não ia aceitar qualquer resposta.
- Por que significa de onde vem a origem dos nossos dons.
- E de onde ela vem? Da lua? Como lobisomens?
Ele riu da minha última pergunta.
- Não. Não tem nada a ver com lobisomens.
- Com o que então?
- Anjos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minguante
ФэнтезиLuce sempre foi uma garota esquisita, tinha sonhos e sensações sobre o futuro que as pessoas a sua volta não conseguiam entender, mas a verdade era que nem mesmo ela entendia. Tudo piorou quando seu pai recebeu uma proposta de emprego e eles se muda...