Capítulo 19

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-Essa garota por um acaso seria eu? - Disse, já esperando todos aqueles olhares críticos afundados em mim.

-Você é a Luce? - O garoto moreno e forte perguntou, arqueando as sobrancelhas, como se desconfiasse da minha identidade.

-Sim, sou eu.

-Não pode ser, você devia ser a oposta de Anna, mas as duas parecem gêmeas! - Afirmou o garoto baixinho de olhos verdes.

E era verdade, se não fosse pelos nossos olhos e cabelos de cores completamente diferentes, seriamos praticamente gêmeas.

- Como assim? - Perguntei, quase não acreditando que alguém realmente me responderia.

- É algo muito raro de se ver. - Dessa vez quem me respondeu foi um garoto de pele escura, que usava um óculos maior que o próprio rosto. - Uma oposta, ou um oposto de alguém são exatamente o que as palavras dizem, opostos. 

Fiquei mais confusa do que antes.

- Não é difícil de entender. - Ele continuou. - Vocês duas são completamente opostas em tudo.

Aquelas palavras me deram um choque de realidade.

Existia alguém completamente oposta á mim. Mas como? Por quê? Era por isso que eu me sentia estranha perto lado dela?

Não me atrevi a perguntar mais nada.

- Nada disso explica o por quê dela estar nos espionando. -  Disse um garoto ruivo, sentado no canto da parede, que estivera quieto até aquele momento.

No mesmo instante eu o reconheci, ele estava com aquele grupo na clareira.

- Me desculpem. - Tentei parecer o menos envergonhada possível. - Marcos quem me mandou entrar, e eu não quis atrapalhar a conversa de vocês. - Menti.

- Aquele Marcos, sempre manipulando o futuro. - Anna disse, olhando para o teto, como se nada daquilo importasse.

Me surpreendi. Eles sabiam sobre Marcos. 

- Vocês sabem que ele pode prever o futuro? - Não hesitei em perguntar. 

- Sim, é um dom muito raro. - O garoto de óculos grandes respondeu.

Raro? Parecia loucura.

- Ele nos disse quando nós o conhecemos. - Anna acrescentou, de um jeito espontâneo. - Todos nós fomos resgatados por ele, assim como você.

Resgatados? Chamavam aquilo de ser resgatados?

- Mas com-

- Chega de enrolação. - O garoto ruivo me interrompeu. - Temos que nos apresentar.

Todos assentiram, como se aquilo fosse quase um ritual de passagem.

Anna foi a primeira.

- Seja bem vinda à Minguante, eu me chamo Anna. - Ela estendeu a mão, para que eu a cumprimentasse. - Meu dom é ver o passado das pessoas.
 
Minguante? Como assim? Dom? Ver o passado? Isso explica pouca coisa.

Com muito esforço reprimi todas as minhas perguntas, senti que ainda não era a hora de perguntá-las.

Hesitante apertei a mão dela, e imediatamente senti como se todas as minhas lembranças estivessem sendo sugadas bem de leve.

- E eu só preciso tocar nelas. - Ela tirou a mão e sorriu.

- Mas... - Não consegui completar a frase, tudo aquilo parecia uma grande loucura.

Assim que recuperei o ar o garoto de olhos verdes se aproximou.

- Seja bem vinda à Minguante, eu me chamo Gabriel. - Ele estendeu a mão para mim, assim como Anna, mas eu não a apertei. - Tudo bem. - Ele disse. -  Eu sou fluente em todas as línguas conhecidas pelo homem, então você pode apertar a minha mão.

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