Assim que fechei a porta atrás de mim, observei atentamente o quarto que me abrigava.
O lugar possuía uma janela grande, alta e com flores a sua volta, deixando o ambiente mais claro e natural. A cama, por sua vez, estava paralela a janela, absorvendo os raios de sol que emitiam de fora. O guarda roupa, feito inteiramente de madeira, se destacava em torno daquele quarto azul esverdeado, suas portas e inúmeras gavetas estavam desalinhadas e mal encaixadas. Num canto, mais ao fundo, ao lado da porta que ligava o quarto à um banheiro particular, estavam esparramadas e amontoadas as minhas malas, onde se encontravam todas as minhas coisas.
O quarto em si era simples, eu gostava da sensação de paz que emanava dali, mas eu ainda sentia falta do meu quarto bagunçado, dos meus livros jogados e do meu pai.
Respirei fundo, tentando esquecer aquele pensamento.
Fui em direção as minhas malas jogadas num canto, peguei-as com cuidado e abri uma por uma, tentando encontrar alguma roupa que não se parecesse nada com o pijama que eu usava.
Encontrei, meio que sem querer, minha blusa favorita, uma regata preta sem desenho algum. Sim, essa era minha blusa favorita, pois não possuía nenhum desenho ou algo escrito, apenas uma blusa. Simples. Singular.
Junto dela, encontrei minha calça diz rasgada, a única que eu possuía na verdade.
Separei as duas juntas num canto e fui procurar meu tênis Adidas, que era o único que ficava bem com aquela calça.
Quando encontrei todos os pertences desejados peguei uma toalha e segui para o banho, eu já estava mais que atrasada.
***
Sai do banho em cima da hora, vesti minha roupa correndo, apliquei um rímel nos cílios e em seguida fiz um delineado leve, agradecendo marcos mentalmente por trazer minha maquiagem. Pequei uma camisa xadrez vermelha de mangas compridas e coloquei por sima da minha regata preta, sem abotoar.
Me olhei no espelho, eu estava pronta.
Peguei monha mochila de lona marrom, que estava dentro do guarda roupa, abri a porta e sai correndo em direção a cozinha, fazendo a água que escorria do meu cabelo pingar pelos corredores, deixando um rastro de gotas.
Assim que cheguei ao maior comodo da casa me deparei com todos de pé, de mochila nas costas, apenas esperando a donzela aqui se arrumar.
- Achei que não viria mais. - Disse Gabrielle, se aproximando de mim.
Ela vestia uma saia floral de cintura alta, um cropped branco de renda e um longo colar que possuía uma pedra azul amarrada a ele, ela estava linda, fofa.
Aquela roupa transparecia seu estilo natural e sua simpatia.
- Olha só pra você - Elogiei, olhando-a de cima abaixo. - Está radiante.
Ela sorriu, sem jeito, me fazendo lembrar de que ela era apenas uma menina de 14 anos que não recebia muitos elogios.
- Vamos? - Ela perguntou e eu assenti.
Nós estávamos saindo, todos nós, um por um, pela porta da frente.
Senti alguém me cutucar e me virei imediatamente. Era Marcos estendendo-me um pão embrulhado em papel toalha.
- Você não tomou café Luce. - Ele disse, me entregando o pão. - Coma isso no caminho.
Peguei o embrulho com cautela. Já era a segunda vez que Marcos fazia algo agradável, não pude deixar de sorrir e agradecer.
- Obrigada Marcos.
Ele sorriu e eu me virei, passando pela porta da frente, me preparando psicologicamente para mais um dia na escola.
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Minguante
FantasyLuce sempre foi uma garota esquisita, tinha sonhos e sensações sobre o futuro que as pessoas a sua volta não conseguiam entender, mas a verdade era que nem mesmo ela entendia. Tudo piorou quando seu pai recebeu uma proposta de emprego e eles se muda...