Capítulo 36

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Apenas quando eu sai lá fora que me dera conta de que nós estávamos no meio da floresta, eu não fazia a menor ideia de onde a escola ficava, muito menos qual caminho seguir.

Olhei para o resto do grupo com um ar de confusão.

- Por onde vamos? - Perguntei.

- Pela estrada de terra. - Lucas respondeu. 

- Vamos. - Anna chamou, correndo para a parte de trás da casa.

Nós a seguimos, ou pelo menos eu, pois não tinha ideia de como sairíamos dali.

Assim que cheguei ao outro lado da casa, meus olhos se arregalaram. 

Lá, estava estacionada uma Picape vermelha, suas rodas estavam sujas de lama, assim como uma parte da sua lateral.

Marcos, que até agora estava quieto, entrou dentro do veículo.

- Todos pra dentro. - Ele bateu sua mão esquerda na porta, produzindo um som metálico.

Lucas, Ben e Leo subiram na parte de trás do carro, onde não havia nada, apenas o espaço para sentarem. 

Anna ajeitou-se no banco da frente, ao lado de Marcos. Gabrielle, eu e Gabriel nos sentamos nos bancos traseiros.

Assim que todos se acomodaram, Marcos deu partida no carro e seguiu por uma estrada de terra que se encontrava atrás da casa, tal qual eu nunca notara.

O caminho era extenso e silencioso, passamos por árvores e mais árvores, a floresta era realmente grande.

- Está preparada para o seu primeiro dia na escola sem o véu de proteção? - Gabrielle me perguntou, enquanto passávamos por mais uma lombada.

Tinha me esquecido daquele detalhe.

- Acho que não fará tanta diferença assim. - Respondi.

- Pode apostar que fará. - Ela sorriu de maneira travessa.

- Como tem tanta certeza? - Perguntei.

- Comigo foi assim também, eu pensei que não faria a menor diferença, mas fez. - Ela olhou para a janela. - Foi um dia bom, mas ao mesmo tempo triste. 

- Por que diz isso?

- Meus poderes se intensificaram e eu pude ouvir os animais e os insetos que habitavam a escola. - Ela me encarou. - Ouvi o grito de cada formiga que era esmagada, de cada mosca que era morta. Foi horrível. - Ela abaixou os olhos.

- Mas tem um lado bom não é? - Perguntei, tentando parecer otimista. 

 - Sim. - Ela assentiu. - A partir daquele dia as pessoas perceberam minha presença e eu fiz incontáveis amigos.

- Então acho que estou preparada.

Ela sorriu, e por um momento eu fiquei curiosa para saber qual era seu amuleto.

- É essa pedra azul que carrego comigo. - Ela apontou para o colar pendurado no pescoço. 

Dei um pulo para trás, ela lia mentes?

- Não se assuste, eu não leio mentes, só sinto quando as pessoas querem muito algo.

Aquilo não me tranquilizou, mas ainda assim sabia que ela não me faria mal. 

- Ele é lindo. - Apontei para o amuleto azul que embelezava sua aparência.

Ela passou a mão pelo colar de pedra que usava, apertando- o com força.

- Espero que reencontre o seu. 

- Eu também.



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