Na manhã seguinte Marcos entrou no quarto silenciosamente e sentou-se à beira da cama, que agora ela iluminada pelo sol da manhã.
- Luce. - Ele chamou, mas eu já estava acordada, na verdade, eu não tinha dormido um minuto sequer. - Tome esse remédio e você ficara melhor.
Abri os olhos lentamente e olhei para a tigela feita de madeira que ele segurava, dela, emanava um fedor terrível.
Me levantei com dificuldade e peguei a tigela nas mãos, um líquido verde encontrava-se dentro do recipiente escuro, e por um instante eu hesitei em beber.
- Vamos. - Marcos me apressou, e eu revirei os olhos. - Você precisa beber.
Mentalmente, contei até três e rapidamente engoli aquele liquido mal cheiroso, que para minha surpresa não era tão ruim, na verdade, era incrivelmente gostoso, e eu questionei como uma coisa tão fedida podia ser tão deliciosa.
- Bom, não? - Marcos sorriu e eu assenti. - Agora durma mais um pouco. - Ele puxou a coberta para cima do meu ombro nu.
- Até mais tarde. - Ele se virou e caminhou até a porta.
Naquele momento raro, eu devo dizer, ele estava suportável e eu não tive vontade de chuta-lo. Talvez seriam os raios de sol penetrando meu cérebro logo pela manhã.
Verei-me para o lado e conclui que estava melhor, minhas pálpebras pesaram e eu não resisti, o sono caiu como uma luva.
***
Acordei com uma movimentação barulhenta emanando da casa.
Já me sentia bem melhor então levantei, calcei meus chinelos e caminhei lentamente ate a porta, abrindo-a a logo em seguida.
A cena que vi não era muito comum em minha casa, já que lá só morávamos eu e meu pai.
Anna corria desesperadamente pelo corredor tentando vestir um dos sapatos.
- Estou atrasada! - Exclamou, indo em direção a cozinha.
Ela vestia uma regata cinza, uma calça jeans comum e um coque que segurava-lhe o cabelo.
Logo em seguida, Lucas apareceu com os olhos inchados, os lábios cobertos de espuma e uma escova de dente pendurada na boca.
- Anda logo Luce, você vai se atrasar pra escola. - Ele disse, tirando a escova da boca por um momento.
- Todos vocês vão à escola? Quero dizer, para minha escola?
Ele parou de andar.
- Claro, vamos ajuda-la encontrar seu amuleto, além do mais - Ele foi se afastando. - Estudamos nessa escola desde que consigo me lembrar.
Engoli em seco. Pensei que ficaria sozinha, mas pelo visto vou ter ajuda de sobra. Não sabia se aquilo era bom ou ruim.
Logo à frente Ben abria caminho entre Gabrielle e Gabriel, que competiam para ver quem chegava primeiro ao banheiro.
Ben, por sua vez, já estava pronto, de banho tomado e dentes impecáveis. Ele vestia uma Blusa de moletom preta, calça jeans e All Star. Seu cabelo, entretanto, estava totalmente bagunçado.
Quando passou por mim senti a fragrância de seu perfume, que me lembrava o cheiro do carvalho que avistei quando Leo materializou meu maior desejo.
- Bom dia. - Ele disse, mas não sorriu.
- Bom dia. - Respondi no mesmo tom.
Eu sabia que tinha de agradece-lo, mas não sabia como.
- Acho melhor você se aprontar, ou vai ficar atrasada. - Ele disse, andando em direção a cozinha.
Assim que virou de costas para mim, pude ver que seu moletom possuía duas asas brancas de anjo desenhadas na parte de trás da blusa. Achei incrivelmente linda, e perfeita para a ocasião.
Não pude deixar de sorrir.
Virei-me para o quarto e fechei a porta, precisava me arrumar.
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Minguante
FantasyLuce sempre foi uma garota esquisita, tinha sonhos e sensações sobre o futuro que as pessoas a sua volta não conseguiam entender, mas a verdade era que nem mesmo ela entendia. Tudo piorou quando seu pai recebeu uma proposta de emprego e eles se muda...