Capítulo 20

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Meu rosto ficou mais vermelho do que um pimentão, assim que percebi o que tinha acontecido.

Maluca. Foi assim que eu agi.Como uma maluca.

- Luce. - Marcos começou. - É normal que você se sinta assim, agora se acalme.

Me acalmar? Eu não sei se isso pode acontecer. O mundo virou de cabeça para baixo, e eu preciso me acalmar?

O que mais eu podia fazer?

Inspirei e expirei bem devagar.

- Isso. - Ele continuou. - Assim mesmo. Agora venha, vou te levar lá fora.

- Primeiro me prometa que vai explicar tudo o que está acontecendo.

Ele hesitou, mas disse:

- Eu prometo.

Lentamente fui me aproximando dele, olhando de relance para Ben, que agora estava de pé, esboçando um sorriso.

Não entendi o por quê do sorriso, mas resolvi não questionar.

Marcos pegou minha mão e me conduziu até a saída, passando pela cozinha e saindo pela porta da frente, que ficava na sala.

Lá fora o vento frio esfriou meu corpo quente pela adrenalina, e acalmou meus pensamentos.

A casa onde eu estivera a poucos segundos ficava no meio da floresta, literalmente.

O jardim era coberto por flores, que rondavam a casa toda.

A floresta, poucos metros á frente, era densa e calma, e emitia um som confortante.

- Que lugar lindo. - Meus olhos gostavam do que viam, tudo era magnífico.

Marcos não se manifestou, apenas sorriu em resposta.

Examinei melhor o local, e percebi que uma menina estava deitada em meio as flores, rindo sozinha, ela devia ter uns quatorze anos.

- Quem é aquela? - Eu perguntei, apontando para o corpo deitado no chão.

- Aquela é Gabrielle, irmã gêmea de Gabriel. - Ele respondeu.

Irmã gêmea? Por que aquilo me soou familiar?

- Por que ela não estava com os outros? - Perguntei assim que me dei conta disso.

- Ela não gosta de espaços apertados como o porão, quis ficar no jardim, é onde ela sempre está. - Ele sorriu com a última frase.

Aquilo me intrigou, não sei bem o por quê, mas fiquei curiosa para saber o que ela podia fazer.

- Você quer conhecê-la? - Marcos pareceu ler meus pensamentos.

Apenas fiz que sim com a cabeça.

- Gabrielle! - Marcos gritou, e pude ver a cabeça dela se levantar do chão. Ela era realmente parecida com Gabriel. - Venha cá. - Ele fez um sinal com a mão para que ela se aproximasse.

Ela se levantou, usava um vestido florido que caia até seus pés, totalmente nus, seu rosto era parecido com o de Gabriel, assim como os cabelos castanhos e os olhos verdes.

Ela veio correndo em nossa direção, com um sorriso no rosto.

- Essa é Luce. - Marcos disse, apontando sua mão para mim, assim que ela se aproximou.

- Muito prazer Luce, seja bem vinda á Minguante. - Assim que pronunciou aquelas palavras, ela, diferente de todos os outros me abraçou, e eu fiquei realmente surpresa. - Eu possuo o dom de falar com os animais. - Ela completou, ainda me abraçando.

Que incrível, ela falava com os animais!

Por um momento, um breve momento, toda aquela tensão passou.

Gabrielle olhou para mim, parecendo entender meus pensamentos.

- Não se preocupe. - Ela disse. - Eu sou boa em acalmar as pessoas.

Eu sorri, pela primeira vez naquele dia.

- Você já deve ter conhecido meu irmão. - Ela sorriu. - Eu sei que ele é meio sério, mas depois que você o conhece descobre que de sério ele não tem nada.

Ela possuía um jeito descontraído de conversar.

- Se ele for tão parecido com você como é fisicamente, tenho certeza que sim. - Respondi.

Ela sorriu, e eu conclui que ela era a pessoa mais amigável daquela casa.

-Gabrielle. - Marcos disse, atraindo a atenção dela para si. - Você poderia nos dar licença um minuto?

- Claro, eu tinha mesmo que ajudar umas formigas á construir um ninho. - Ela disse, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. - Até mais tarde Luce. - Ela sorriu e correu de novo até o jardim.

De repente o clima começou a ficar tenso outra vez.

- Luce. - Marcos disse. - Primeiro de tudo, eu preciso que você jure que nunca vai contar a ninguém o que nós vamos conversar aqui. - Ele olhou pra mim. - Você precisa jurar.

Senti a gravidade da situação, e não tive outra escolha a não ser dizer:

- Eu juro.

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