Crescentes.
Aquela palavra me dava arrepios. Eu sabia que era uma minguante, que Marcos, Ben e os outros também eram, mas eu não tinha certeza exatamente do que crescentes significava.
- Marcos você vai me explicar essa história de crescentes e vai explicar agora! - As palavras saiam da minha boca com tanta firmeza que ele não teria outra saída a não ser me contar a verdade.
- Eu vou... vou contar tudo Luce. - Ele se sentou na cama e esfregou as mãos no rosto.
- Lembra quando eu disse que os minguante eram nascidos banhados com a luz da lua minguante. - Assenti com a cabeça. - Os crescentes são como nós. - Ele continuou. - A diferença é a luz sob a qual eles nasceram.
- Deixa eu adivinhar. - Ironizei. - Ele se nasceram em lua crescente.
Marcos fez que sim com a cabeça.
- É que diferença isso faz? - Perguntei.
- Muita. Definitivamente muita.
Revirei os olhos.
- Como nascer sob a lua em uma posição diferente poderia fazer alguma diferença?
- Luce, isso muda tudo.
Cruzei os braços e esperei ele explicar.
- Os crescentes são diferentes de nós e ninguém sabe realmente o por quê. Seus corações são mais obscuros, sua alma é menos clara. - Ele fez uma pausa. - Até seus dons são diferentes.
- Diferentes como?
- São brutos, bárbaros, a maioria deles nasce com super força ou com a capacidade de ter uma super agilidade em combate, alguns ainda tem um tipo muito específico de telecinese.
- Que tipo?
- É muito raro, mas alguns deles podem entrar na sua mente, alterar suas memórias e fazer com que você acredite ser outra pessoa, ter tido outra vida.
Um arrepio subiu pela minha espinha.
- Eles podem roubar minhas memórias?
- Não só isso, podem também implantar memórias falsas e fazer com que você pense ser outra pessoa. Podem até mesmo tirar sua sanidade e transformar uma mente em um labirinto.
Fiquei em silêncio, tentando processar aquela informação.
- Eu não sei se você percebeu Luce, mas os nossos dons são puros, não possuímos maldade.
Lembrei de todos os minguantes que conheci e todos me mostraram coisas maravilhosas -- falar com animais, ver o passado, paralisar com o toque, saber conversar em todas as línguas, mostrar os sonhos, todas aquelas coisas eram boas. A única pessoa que poderia machucar alguém era...
- O Ben também possui telecinese Marcos e ele é um minguante certo? - Perguntei.
- É verdade Luce, só que o Ben não pode fazer nenhuma dessas coisas que eu falei. - Ele fez uma pausa e olhou pela janela. - O dom que ele possui não permite fazer alterações tão violentas na psique humana, ele pode usar sua mente para mover objetos, mover a si mesmo ou até ouvir outra mente, mas nunca para altera-lá.
- Entendi.
Um silêncio tomou conta do quarto. O único som perceptível era o da minha respiração ofegante.
- Então meu pai foi pego pelos crescentes, ou seja, os malvados, e nós não podemos fazer nada para salvá-lo? - Tentei manter a calma, mas meus braços não paravam de tremer.
- Eu sinto muito Luce, mas nós temos um tratado, uma promessa de paz, se formos atrás do seu pai uma guerra entre minguantes e crescentes seria eminente e talvez a extinção da humanidade também.
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Minguante
FantasyLuce sempre foi uma garota esquisita, tinha sonhos e sensações sobre o futuro que as pessoas a sua volta não conseguiam entender, mas a verdade era que nem mesmo ela entendia. Tudo piorou quando seu pai recebeu uma proposta de emprego e eles se muda...