Capítulo 14

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- Thomas, foi aqui. - Eu disse, entrando na clareira. - Foi exatamente aqui.

Assim que pronunciei aquelas palavras senti gotas de chuva caírem sobre mim, e sobre todo aquele lugar, fazendo de alguma forma eu me conectar à tudo aquilo, como se tudo que a chuva tocasse, eu tocasse também.

Thomas se aproximou com uma expressão simpática, mas não disse nada, apenas olhou em volta e saiu correndo na direção de onde tínhamos vindo.

- Vou buscar um guarda-chuva - Pude ouvir ele gritar ao longe. - Espere aqui.

Encostei minhas costas em uma árvore, a fim de aliviar minha tensão, mas quando dei por mim, já estava sentada com a cabeça entre as pernas, esperando milagrosamente que aquilo fosse apenas um pesadelo, que logo acabaria.

De repente, me dei conta de que era exatamente assim que eu estava quando me vi pela primeira vez.

Me levantei bruscamente e comecei a olhar para os arredores da clareira, tentando encontrar a figura de uma garota esquia e molhada pela chuva.

Mas o que eu estava pensando? É claro que não a encontraria, foi tudo um sonho, tinha que ser.

Thomas voltou, mais rápido do que imaginei, trazendo nas mãos um guarda-chuva azul turquesa, exatamente o mesmo do sonho. Senti um calafrio atravessar meu corpo e foi então que eu finalmente entendi. Aquilo aconteceria, tudo aquilo que eu tinha sonhado aconteceria e isso só podia significar uma coisa - eu estava em perigo.

- Não deveríamos estar aqui. - Eu disse, sem conseguir evitar que minha boca pronunciasse aquelas palavras.

- Está tudo bem Luce, não há nenhum animal selvagem nessa parte da floresta, não precisa ter medo. - Thomas disse, com uma voz mais suave do que o normal, o que contribuiu para que eu não surtasse completamente quando percebi que já sabia de cor o que ele tinha dito, antes mesmo dele dizer.

- Não é disso que tenho medo. - Olhei em volta, eu já sabia o que estava por vir, eles estavam chegando.

Juntei toda a minha força e coragem para não sair correndo naquele exato mo mento, eu temia tudo o que estava para acontecer e pedia silenciosamente para que Thomas me entendesse.

- Do que é que você tem medo? - Ele parecia realmente confuso, o que não fazia sentido, já que eu havia contado à ele sobre todos os meus sonhos.

Queria respondê-lo à altura, mas assim que meus olhos se deram conta do que estava se aproximando, meu coração disparou, minha mente entrou em transe e tudo dentro de mim virou uma nuvem de pânico e desespero.





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