Era noite, chovia forte e uma lua minguante brilhava no céu.
Olhei em volta, eu estava na traseira da picape, exatamente como a três segundos atrás, todos estavam no carro e vestiam um uniforme preto, inclusive eu, que tinha um arco e flecha nas costas. Estavam todos preparados para fazer algo, mas o quê?
- Tem certeza Luce?! - Marcos gritou de dentro da picape.
- Tenho! - Minha eu do futuro respondeu, tirando o arco das costas e pegando um flecha. - Nós vamos conseguir!
Ela olhou diretamente pra mim, como se soubesse que eu estava lá, e acho que sabia.
Marcos acelerou e eu me desequilibrei, fazendo a imagem mudar, como se tivessem embaçando uma poça d'água.
Agora eu estava no quintal de uma casa, ainda era noite e ainda chovia, o lugar era grande e protegido por muros altos, a casa cujo eu estava na frente era antiga e possuía uma lua crescente no topo do telhado.
Eu olhei pra trás e vi todos os meus amigos, exceto Marcos, ele não estava com eles.
Observei todos com atenção, eles pareciam não perceber que eu estava ali, nem mesmo a eu do futuro que estava apoiada em Ben parecia perceber.
Olhei para frente outra vez, a porta da casa começou a se abrir.
Todos olharam apreensivos enquanto um homem saia por trás dela, junto com meu pai, Lucio.
Prendi a respiração, meu pai estava ao lado daquele homem, ele estava vivo, estava bem.
- Eu quero uma troca! - O homem gritou em meio a chuva, segurando meu pai pelo braço. - Deixo Lucio ir embora, deixo todos irem embora sem sofrer um arranhão.
Houve uma pausa e só então eu percebi os inúmeros guardas em cima do muro apontando armas para os meus amigos.
- E o que quer? - Ben perguntou, quebrando o silêncio.
- Luce, eu quero a Luce. - Ele gritou. - Uma vida por todos vocês.
Todos ficaram em silêncio e tudo o que ouvimos por um tempo foi o som da chuva caindo.
- Eu aceito! - Ouvi a mim mesma gritar e me separar de Ben.
- Não Luce, você não pode! - Ben me segurou, mas eu me soltei.
- Eu preciso fazer isso Ben.
Ele me soltou e eu cambaleei até a porta onde o homem estava.
Assim que cheguei abracei meu pai.
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa o homem o empurrou para fora da casa e me arrastou pra dentro.
- Pai! - Me ouvi gritar enquanto a porta se fechava com violência, deixando todos pra fora.
Um raio soou ao longe, clareando o quintal da casa por uma fração de segundo, foi a última coisa que vi antes de tudo escurecer por completo.
***
- Luce... - Ouvi alguém chamar meu nome enquanto balançava meu ombro.
Tentei abrir os olhos mas nada aconteceu.
Respirei fundo, me concentrei e meus olhos começaram a abrir devagar.
Aos poucos consegui enxergar a imagem turva e confusa de Marcos.
- Ainda bem. - Ele soltou o ar.
- O que aconteceu? - Perguntei, mesmo já sabendo a resposta.
- Você desmaiou na picape.
Levantei devagar, precisava digerir o que tinha acontecido, foi então que percebi onde estava.
- Como cheguei no meu quarto? - Perguntei, enquanto levantava da cama.
- Eu te trouxe.
Dei de ombros, não queria nada que viesse dele.
- Eu sei que teve uma visão Luce.
Aquelas palavras me fizeram arrepiar.
- É, eu tive.
Ele me ajudou a sentar, me deu uma xícara de café (imagem da multimídea) e passou a mão nos cabelos, exatamente como fazia quando estava nervoso.
- Quer me contar? - Ele perguntou.
Eu não queria contar, mas precisava.
- Aconteceu o seguinte...
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Minguante
FantasyLuce sempre foi uma garota esquisita, tinha sonhos e sensações sobre o futuro que as pessoas a sua volta não conseguiam entender, mas a verdade era que nem mesmo ela entendia. Tudo piorou quando seu pai recebeu uma proposta de emprego e eles se muda...