Capítulo 42

72 10 2
                                    

Mas desisti.

- Acho melhor não. - Disse, com um sorriso nos lábios. - Quem sabe um dia eu te conto.

Ela pareceu decepcionada, mas não insistiu. Eu tive que me controlar diante daquela carinha fofa, não queria contar meu nome logo de cara.

- Tudo bem, não é da minha conta. - Ela se desculpou, parecendo chateada.

- Deixa pra lá, meu nome não é importante.

Ela assentiu.

- Se não se importar, eu vou ler um pouquinho. - Sorri com desdém.  - Afinal estamos numa biblioteca né.

Ela riu, voltando a desenhar.

Peguei meu guia e o coloquei sobre a mesa, me certificando de que Clarice não prestava atenção. E não prestava.

Abri o livro com cuidado, pulando as páginas já lidas. Quando cheguei na página que ainda não tinha lido percebi que ela um desenho, um desenho estranho e intrigante.

A próxima página era um texto escrito a mão, cuja tinta era grossa, cheia de borrões e pingos, me fazendo concluir que aquilo tinha sido escrito pelo menos um século e meio atrás.

Respirei fundo e comecei a ler.

                  A Maldição

Sei que as coisas ainda podem estar confusas, e que não teve tempo de assimilar tudo, mas acredite, vai se acostumar, eu me acostumei, e era a mais rebelde de todo sudeste do país.

OK. Minha antecedente era rebelde. E era mulher.

Não se preocupe, não matei ninguém, mas confesso que tive vontade.

Quase pude vê-la sorrir.

Sei que certamente está curiosa para saber mais sobre minha pessoa, não se preocupe, contarei logo. Antes disso, preciso contar mais sobre o seu passado, ou melhor, meu passado.

Olhei em volta para ter certeza de que ninguém estava me observando, e ninguém estava. Continuei.

Nunca fui uma garota muita sociavel, mas fiz uma amiga uma vez. A melhor amiga de todas, seu nome era Linda, nos conhecemos na biblioteca da nossa escola, e o nome Linda se encaixava perfeitamente, ela era realmente encantadora.

Meu coração acelerou, olhei para Clarice em minha frente, era muita coincidência a história se encaixar com o que aconteceu hoje.

Mas não se preocupe, Linda não tem relação com a história, só achei que séria bom saber que nós podemos fazer amigos.
Então, sem mais delongas, vou contar o que aconteceu.

Nesse instante o sinal da escola soou, me assustando por um instante.

O intervalo acabou.

Suspirei, fechei o livro e me levantei:

- Acho melhor eu ir andando. - Tenho aula de biologia e aquela professora é um monstro.

Clarice riu.

- Também tenho aula de biologia.

Eu sorri.

- Vamos juntas então.

Ela assentiu, pegou seus livros ( imagem da multimídia) e saímos da biblioteca.

No meio do caminho encontramos Ben, vindo em direção contrária à nossa.

- Já fez uma amiga Luce? - Ele sorriu. - Tá pegando o jeito.

- Essa é a Clarice, conheci na biblioteca. - Repondi.

Ela corou e sorriu.

- Oi.

- Oi. - Ben respondeu, mais docemente do que de costume.

Clarice ficou vermelha na mesma hora, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorriu.

Eu quase não conseguia resistir a tanta doçura,  e acho que Ben também não, pois olhava Clarice com um sorriso abobalhado.

Será que eu estava vendo demais?

- E então Luce? Conseguiu achar o que queria? - Ele perguntou, e eu precisei de um segundo para entender que ele se referia ao guia.

- Não sei bem. - Disse. - Nem sei o que estou procurando exatamente.

Ele forçou um sorriso.

- Precisa ter paciência, quanto mais ler, mais entenderá.

Eu assenti, me perguntando quantos segredos ainda eram guardados de mim.

- É melhor eu ir. - Ben Ajeitou a mochila nas costas. - Tenho uma prova me esperando.

- Nós temos que ir também, até mais Ben.

Ele piscou para Clarice e saiu.

Quando me virei Clarice parecia um pimentão.

- Você gosta dele. - Olhei para ela, que não conseguia parar de sorrir.

- Eu acho ele interessante. - Ela deu de ombros.

- Acho química interessante, qual é?

Ela riu e deu de ombros outra vez, enquanto entrávamos  na sala para mais uma incrível aula de biologia com a professora rechonchuda.










MinguanteOnde histórias criam vida. Descubra agora