Capítulo 23

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Meu coração acelerou.

Ben?

Ele era descendente do nefilim que me amaldiçoou?

- Mas o Ben possuí telecinesia, ele move as coisas com a mente, não muda as pessoas. - Argumentei.

- Esse é só um, dos muitos dons que ele ainda pode desenvolver.

A palavra no plural de novo, será que possuíamos mesmo mais de um dom?

- Isso é só com ele, ou todos nós temos mais de um dom?

- Depende do seu antecedente. - Ele respondeu. - Como o dele era muito forte é provável que ele desenvolva mais dons.

- Entendi.

Queria perguntar sobre mim, se era só isso que eu podia fazer, mas reprimi minhas perguntas, bem, pelo menos algumas.

- Uma última pergunta. - Falei, me levantando.

- Estou ouvindo. - Marcos respondeu, já de pé.

- O que são amuletos? - Disse, rápido.

- São nossos transferidores de poder. - Ele respondeu, tirando a grama das calças. - Eles são nossa fonte quando a lua não está por perto.

A lua era minha fonte de poder? Me senti uma lobisomem, mesmo sabendo que eu não tinha nada a ver com eles.

- Entendi. - Olhei para o lado. - E todos nós temos um?

- Sim. - Ele respondeu. - Cada um de nós possui um amuleto diferente, o meu, por exemplo, são esses óculos.

Ele apontou para os óculos negros que estavam em frente ao seu nariz. Não os tinha notado antes.

- Normalmente, eles são algo que nós precisamos muito.

- E como eu faço para encontrar o meu? - Perguntei, ainda sem entender o por quê de eu não ter percebido aqueles óculos.

- Você já o encontrou, caso contrario não poderia utilizar seu dom quando a lua não estivesse no céu.

- E o que é? - Perguntei, ansiosa pela resposta.

- Eu não sei. - Ele desviou o olhar para Gabrielle, que agora estava dormindo na grama. - Só você pode descobrir.

- E como eu faço isso? - Perguntei, impaciente.

- Eu não sei, só o seu guia pode te dar a resposta.

Ótimo, eu não fazia a menor ideia de onde ele estava. Aquela conversa parecia que não me levar a lugar algum, estava cansada de descobrir que não sabia nada do mundo onde eu vivia, e nada sobre mim mesma.

Marcos pareceu perceber minha inquietação.

- Acho que já chega por hoje, volte lá pra dentro e se quiser conversar é só me chamar.

Eu não queria voltar para lugar nenhum, só queria ir pra casa.

- Eu não vou a lugar algum. - Disse, firme. - Vou voltar pra minha casa.

Marcos arregalou os olhos.

- Você não pode! - Ele praticamente berrou.

- E por que não? - Perguntei, alterando um pouco a voz.

- Seu pai.

Foram as únicas palavras que ele disse, e elas soaram como chumbo em meus ouvidos.

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