Capítulo 22

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- Anjos? - Não consegui segurar o riso. - Como assim?

- Você já ouviu falar naquela história bíblica em que os anjos desciam a terra e se apaixonavam pelas mulheres? - Marcos perguntou.

Vasculhei minha mente para tentar lembrar, mas nunca fui muito religiosa.

- Acho que nunca ouvi falar.

- Você nunca foi á igreja? - Marcos fez uma cara de indignação.

- Fui, mas nunca ouvi nada sobre isso. - Me defendi.

- O que ensinam lá hoje em dia? - A expressão de indignação continuou em seu rosto.

- Como ir para céu. - Respondi, mesmo sabendo que sua pergunta fora retórica.

Ele me olhou com um ar de reprovação.

- Você já ouviu a história de Davi e Golias? - Ele perguntou.

- Sim. - De todas as histórias bíblicas aquela era a que eu mais gostava. O menino que derrotou o gigante.

- Golias não era forte e grande, quase sobre humano?

- Sim.

- Pois então, ele era filho de um anjo com uma mulher.

- Isso eu já sabia.

- Mas você não disse que não conhecia a história?! -Marcos me olhou, indignado.

- É que você falou de um jeito que eu não consegui lembrar. - Falei com um sorriso nos lábios.

- Tudo bem. - Ele suspirou. - Os anjos não se deitam com as mulheres há muitos anos, mas os filhos deles sim.

Eu estava começando a entender a lógica.

- E nós somos os descendentes desses filhos de anjos. - Conclui.

- Isso mesmo, somos filhos dos filhos dos anjos.

Aquela altura eu tinha quase certeza de que tudo não passava de um sonho, mas infelizmente vi meu braço ficar roxo de tantos beliscões.

- Ainda não entendi o que o nome Minguante tem a ver com isso? - Perguntei, esfregando meu braço com as mãos.

- É simples, o dia em que os anjos se deitavam com as mulheres era sempre em lua minguante. - Marcos respondeu. - Eles nasceram sobre a luz dessa lua, por isso nossa força vem de lá.

- Tenho quase certeza de que isso não está na bíblia.

- E não está. - Ele disse, como se aquilo fosse óbvio. - Mas está nos guias de todos os integrantes, você recebeu o seu, não é?

- Sim, meu pai o entregou pra mim, mas eu ainda não li, nem sei onde está pra falar a verdade.

Só me lembrava de ter levado ele a clareira.

- Ótimo, como vai aprender a controlar seu dom agora? - Ele perguntou.

- Você pode me ensinar ué. - Respondi como se aquilo fosse óbvio.

- Não posso não. - Ele disse. - Cada integrante possuí um antecedente diferente, por tanto maneiras de usar seu dom diferentes, com possibilidades diferentes, e práticas diferentes, mesmo que tenha o mesmo dom. - Ele suspirou. - O guia é pra isso, pra te treinar.

Que loucura.

- E quem foi que escreveu esses guias?

- Os nefilins, os primeiros filhos de anjos que existiram, eles escreveram os guias. Cada um deles, pra cada um de seus descendentes futuros, passando de geração em geração.

Isso significava que meu pai fazia parte daquilo? Afinal foi ele quem me deu a caixa.

- Se passa de geração em geração, meu pai pode ver o futuro também? - Perguntei.

- Podia, o dom é passado de pai para filho, agora quem o possuí é você.

Fiquei imaginando como ficava minha mãe nessa história, será que ela foi embora por causa disso?

Me lembrei do sonho que tive com ela, e também dela com aquela menina numa varanda.

Meu coração ficou apertado, será que minha mãe sabia de todas essas coisas? Será que ela foi embora porque não queria fazer parte delas?

- Luce? Tudo bem? - Marcos perguntou, me tirando do devaneio profundo em que estava.

-Sim. - Soltei um sorriso amarelo.

- Eu sei que é muita coisa pra digerir.

E era.

- Eu só quero saber de mais uma coisa.  - Olhei pra ele. - Qual é minha ligação com a Anna?

Ele respirou bem fundo.

- Bem, isso é uma longa história.

- Eu tenho tempo.

Ele hesitou, como se estivesse tentando se lembrar.

- Está bem - Ele começou. - Muito tempo atrás existiam dois nefilins que eram muito bagunceiros e trapalhões, sempre competindo entre si, fazendo a maior bagunça na cidade onde viviam, só pra ver quem era o melhor em alguma coisa.
Um dia, um nefilim que possuía o dom de mudar as pessoas, se irritou com a atitude dos dois e lançou uma maldição sobre eles, que os transformavam em pessoas totalmente opostas até que fizessem as pazes. - Ele fez uma pausa. - Porém isso nunca aconteceu, então eles sempre nascem de novo em forma de seus descendentes até fazerem as pazes.

- E nós somos esses descendentes. - Conclui, pela segunda vez naquele dia.

- Isso, vocês precisam fazer as pazes ou voltarão em outra vida até fazer. - Ele olhou para mim. - As coisas estão melhores explicadas no guia.

Fiquei com raiva, eu não tinha feito nada de errado e tinha que fazer as pazes, a culpa não é minha se meu antecedente era competitivo.

- Mas por que opostos? Não podia ser outra coisa? - Perguntei, não tinha gostado nada daquele castigo.

- Dessa forma não há como vocês competirem entre si.

- Até que tem lógica. - Reconheci.

- É. - Ele sorriu.

- Então eu vou lá pedir desculpa pra Anna, seja lá o que eu fiz. - Já estava levantando quando Marcos segurou meu braço.

- Não é assim que funciona. - Ele me sentou de volta na grama - Tem que ser de coração, caso contrario você morre.

Engoli em seco.

- Esse nefilim não estava de brincadeira.

- Ele foi o maior nefilim minguante de todos os tempos. - Marcos disse, com brilho nos olhos. - É claro que não estava de brincadeira.

O maior nefilim de todos os tempos? O que será que ele tinha feito pra ficar conhecido assim? Imagino que algo muito importante.

Mas uma outra duvida surgiu na minha cabeça, uma maior do que as anteriores.

- E quem é o descendende dele? - Perguntei, curiosa.

- Ben.

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Caros leitores,

1K de visualizações! Eu nem consigo expressar em palavras o que eu estou sentindo >.< Escrever é o que eu quero fazer da minha vida e isso é o maior apoio que eu poderia ter, muito obrigada por acompanharem meu livro e terem chego até aqui, vocês são uns lindos mesmo. :)

Muito obrigada, vocês são demais ♥ Um beijo♥ Seus lindos

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