Capítulo 12

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Ele pegou minha mão e me conduziu até a porta.

- Espera, e o meu pai?- Me lembrei do quanto ele odeia que eu saia sem avisa-lo.

- Ele nem vai notar que nós saímos, relaxa. - Seu tom de voz era tão confiante que fazia qualquer um burlar as regras. - Vem. - Ele me puxou.

Continuei segurando o livro, apesar de tudo.

Assim que saímos na rua senti o vento gelado espalhar meus cabelos, estava escuro, devia ser umas oito da noite.

Olhei para Thomas sem entender nada.

- O que vamos fazer?

- Eu vou te levar a um lugar. - Ele sorriu de maneira misteriosa.

Entramos no carro.

Thomas sentou no banco do passageiro e colocou o sinto, fiz o mesmo.

- E agora? - Perguntei, ainda sem entender o que estávamos fazendo.

- Agora você dirige que eu te dou as coordenadas.

Coloquei a chave no contato e liguei o carro.

- Pra onde? - Perguntei, sem tirar os olhos da estrada.

- Por enquanto siga em frente. - Ele disse, enquanto mexia na sua mochila, que havia ficado no carro desde ontem quando eu o atropelei.

Aquela lembrança me fez soltar um riso baixo, eu havia atropelado Thomas, literalmente, para conhece-lo.

Pensar naquilo me fez lembrar de algo, algo que eu tinha esquecido completamente.

- Thomas, o que você ia me perguntar ontem, quando meu pai o interrompeu?

Ele fez uma careta, como se estivesse tentando se lembrar.

- Eu... eu queria saber por que você me levou pra sua casa.

- Como assim?- Eu ainda não estava entendendo.

- Eu queria saber por que você me levou pra sua casa, ao invés de simplesmente me levar ao hospital, ou mesmo para minha própria casa. - Ele olhou pra mim. - Qualquer pessoa normal teria feito isso.

De repente toda aquela alegria se transformou em medo.

- Não sei ao certo. - respondi, um pouco vacilante. - Não raciocino bem sob pressão.

Será que ele não gostsva de ficar na minha companhia?

Só de pensar nas possíveis respostas para aquela pergunta sentia minha garganta arder.

Sei que conheci Thomas a pouco tempo, mas ainda assim sentia algo por ele, algo que não sabia descrever.

- Ainda bem que você me levou pra sua casa.- Ele pareceu ler meus pensamentos.- Eu odeio hospitais, médicos e agulhas, mas acima de tudo odeio ficar na minha própria casa. - Ele olhou pra mim. - Foi muito melhor ficar com você.

Deixei escapar um sorriso, acompanhado de puro alívio

- Vire à esquerda. - Ele pediu ainda vasculhando sua mochila.

Obedeci.

Assim que virei, entramos numa rua sem saída, onde tudo o que tinha a nossa frente era a entrada de um parque.

Parei o carro.

- Vamos - Thomas disse, já abrindo a porta e saindo.

Tirei a chave do contato, peguei o meu livro no para-brisa e abri a porta.

A ar lá fora estava mais frio do que antes, senti meu pelos do braço se arrepiarem.

A rua estava deserta, a não ser por um mendigo sentado na calçada.

Olhei para a entrada do parque. Ela tinha dois portões enormes com formato oval em sua superfície, com muros cobertos por plantas.

- Anda logo. - Thomas disse, animado, como se estivesse indo a um show.

- Estou indo.

Caminhos até a entrada, que era coberta por flores coloridas, dando um excelente contraste no local.

Assim que entramos pude ver a imensidão do parque e também sua beleza.

Todos os brinquedos destinados as crianças eram coloridos e bem cuidados.

Um campo extenso e esverdeado se encontrava à nossa frente, assim como a grande reserva natural.

O parque não estava muito cheio, haviam ali só algumas crianças brincando, e umas poucas pessoas correndo na pista de corrida, o que era intrigante levando em consideração a beleza do parque.

A medida que nós nos afastávamos das pessoas eu me sentia estranha, como se eu já tivesse ido naquele parque, como se tudo aquilo estivesse acontecendo de novo, como se cada passo estivesse sendo dado um segunda vez.

Com certeza eu me lembraria de ter estado num lugar daquele, o que não fazia sentido.

Continuamos caminhando, até que eu senti um arrepio na nuca, de um jeito que nunca senti antes, algo estava errado.

Olhei para Thomas, que estampava um enorme sorriso no rosto.

O que estava acontecendo?




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